A inflação anual na Turquia não para de subir. Em abril, a taxa para os 69,97% no acumulado dos últimos 12 meses. Este é o maior patamar registrado no país desde fevereiro de 2002, segundo dados divulgados pela TurkStat, a agência de estatísticas do país, na quinta-feira (5).
No mês passado, a taxa inflacionária acelerou expressivos 7,25% em relação a março. Na verdade, o aumento generalizado e contínuo dos preços de bens e serviços, a famosa inflação, vem ocorrendo há 11 meses. E isso afeta fortemente as famílias turcas, que veem seu poder de compra ficar cada vez mais fraco com o passar do tempo.
Em resumo, o que vem impulsionando a inflação no país é a desvalorização da lira turca. A propósito, a moeda do país perdeu mais de 45% do seu valor em 2021 ante o dólar. Além disso, os altos preços das commodities também encarecem o custo de vida da população, reduzindo o poder aquisitivo das famílias.
Vale destacar que o dólar ainda tem um desempenho global firme. A moeda americana ganhou força com a pandemia da Covid-19, mas acabou perdendo força ante moedas emergentes devido à guerra entre Rússia e Ucrânia.
A saber, o Brasil está se beneficiando com a guerra, porque é um dos maiores produtores e exportadores globais de commodities. Por sua vez, a Turquia é um grande importador destes itens, ou seja, a sua moeda vem perdendo cada vez mais o poder de compra, pois os preços internacionais das commodities não param de subir.
Disparada da inflação na Turquia dificulta reeleição de Erdogan
Além de impactar diretamente a vida da população, a alta inflação na Turquia também está deteriorando a imagem do atual presidente, Recep Tayyip Erdogan. Em suma, a proximidade das eleições presidenciais, que devem ocorrer em junho de 2023, vem deixando o presidente bastante preocupado.
O governo reduziu o IVA para produtos de primeira necessidade e vem prometendo realizar diversas medidas para conter a disparada da inflação, mas nada tem conseguido frear a taxa.
Os turcos vêm sofrendo com a escalada de preços porque o país depende fortemente de importações, principalmente de matérias-primas e energia. E os preços internacionais destes itens permanece em patamar muito elevado em diversas nações.
O presidente Erdogan havia prometido em janeiro que a inflação cairia para menos de 10% “o mais rápido possível”. Já na semana passada, afirmou que o índice de preços ao consumidor “começará a desacelerar a partir de maio”.
A saber, o discurso de Erdogan o fez ganhar as eleições nas últimas duas décadas, prometendo prosperidade econômica. Contudo, o cenário atual está mais desafiador do que nunca. Resta aguardar para saber quem cairá primeiro: a inflação ou a reeleição do presidente.
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