A inflação anual na Turquia continua sua escalada e superou mais uma vez as projeções do mercado. A saber, a taxa saltou de 48,7% em janeiro para 54,4% em fevereiro, no acumulado dos últimos 12 meses. Este é o maior valor mensal desde março de 2002, segundo dados divulgados pela TurkStat, a agência de estatísticas do país, na quinta-feira (3).
Os analistas estimavam um crescimento mensal de 3,8% e um anual de 53%, mas acabaram surpreendidos por dados ainda mais elevados. Aliás, o nível anual de crescimento supera em mais de dez vezes a meta definida pelo governo, de 5%.
Em resumo, o que vem impulsionando a inflação no país é a desvalorização da lira turca. A propósito, a moeda do país perdeu mais de 45% do seu valor em 2021 ante o dólar. Além disso, os altos preços das commodities também encarecem o custo de vida da população.
Vale destacar que o dólar mantém um forte desempenho global desde a decretação da pandemia da Covid-19, em março de 2020. Em suma, momentos de incertezas globais fazem os investidores recorrerem ao dólar, pois a divisa é tida como um porto seguro. E países emergentes, como a Turquia, acabam sofrendo mais fortemente nesse cenário.
Veja mais detalhes da disparada da inflação na Turquia
A saber, a Turquia vive um momento sensível devido à proximidade das eleições presidenciais, que devem ocorrer em junho de 2023. Inclusive, o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, substituiu o diretor da agência nacional de estatísticas pela quarta vez desde 2019.
Por falar nisso, inflação corresponde ao aumento contínuo e generalizado dos preços em uma economia, ou seja, ao custo de vida da população. Para os turcos, a escalada de preços está ocorrendo, em grande parte, devido ao colapso da lira turca. Isso porque o país depende fortemente de importações, principalmente de matérias-primas e energia.
Como a Turquia precisa obter itens do exterior, cotados em dólar, a população sofre com o aumento insustentável dos preços. Isso ocorre porque, quanto mais desvalorizada fica a lira turca, mais a população tem o seu poder de compra reduzido.
Os altos preços das commodities impulsionam ainda mais a inflação no país. Aliás, a expectativa é que os preços destes itens suba ainda mais nos próximos meses devido à guerra entre Rússia e Ucrânia.
Por fim, o índice de preços ao produtor disparou 7,22% em fevereiro, na comparação mensal. Com isso, a taxa acumulada em 12 meses chegou a expressivos 105%. Este forte avanço mensal já reflete parte das preocupações com a guerra no leste europeu. Por isso, a expectativa é de avanços ainda maiores nos próximos meses.
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