O Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV/Ibre) divulga mensalmente os dados relacionados ao Índice de Confiança do Consumidor na economia brasileira. Os dados levantados até então, relacionados ao primeiro bimestre deste ano, apontam que o índice vem caindo: 2,2 pontos em janeiro e 1,3 pontos no mês de fevereiro. O resultado aponta que o índice chegou ao menor nível desde agosto de 2022, atingindo 84,5 pontos.
De acordo com a coordenadora de sondagens, Viviane Seda Bittencourt, a confiança dos consumidores teve queda pelo segundo mês consecutivo devido a uma percepção de piora sobre a situação econômica atual, sendo mais sentidas pelas famílias que possuem menor poder de compra.
“As perspectivas ainda são cautelosas, apesar dos consumidores serem otimistas ao mercado de trabalho, o que pode ter sustentado as perspectivas sobre economia e emprego com indicadores acima de 100 pontos. O contexto econômico da famílias se altera pouco: maior endividamento, taxas de juros elevadas, desaceleração da atividade econômica e a elevada incerteza devem manter a confiança em patamares baixos em 2023”, disse Bittencourt
Outras pesquisas também apontam redução na confiança do consumidor
O Índice Nacional de Confiança (INC), elaborado pela PiniOn para o Instituto de Economia Gastão Vidigal da Associação Comercial de São Paulo (IEGV/ACSP), divulgou que os dados de março para o índice atingiu 103 pontos, uma redução de 2,8% em relação ao mês de fevereiro. O índice registrou retração pelo segundo mês consecutivo.
Contudo, como se encontra acima de 100 pontos, isso significa que ele se encontra no campo otimista. A pesquisa foi realizada utilizando uma amostra de 1.700 famílias em nível nacional, com residentes em capitais e cidades do interior do Brasil. A queda no índice foi registrada em todas as regiões, exceto pelo Nordeste, onde se manteve estável.
Ao analisar os consumidores sob a ótica de classes sociais, houve queda na redução de confianças para os que se encontram nas classes A, B e C. Por outro lado, o índice para os consumidores das classes D e E se mantiveram estáveis. O economista da ACSO, Ulisses Ruiz de Gamboa, disse que também houve uma percepção de piora em relação ao emprego por parte das famílias.
“Se aprofundou uma percepção negativa das famílias em relação à sua situação financeira atual, com nova diminuição na segurança no emprego. Além disso, as expectativas positivas sobre a situação financeira futura das famílias e as evoluções do País e da região de moradia apresentaram relativo recuo em relação a fevereiro”, disse Ulisses.
Além disso, para o economista, “a evolução futura continuará a depender do desempenho da economia durante os próximos meses. As incertezas provocadas pela demora do governo federal em definir o novo arcabouço fiscal, aumentam as expectativas da inflação, dificultando a redução da taxa básica de juros (Selic) e a possível geração de crescimento mais vigorosa da atividade econômica”.
Embora tenha apontado para duas quedas consecutivas na confiança do consumidor, na análise interanual, o índice teve alta de 15,7%. Ainda existe otimismo por parte dos brasileiros em relação à economia, no entanto, caso não sejam aprovadas as medidas esperadas para a melhoria na economia e o cenário externo continuar conturbado, a tendência é o índice cair.