O dólar comercial encerrou o segundo mês consecutivo em alta. Após saltar 5,34% em setembro, a moeda norte-americana registrou um avanço de 3,71% em outubro. Com o acréscimo desse resultado, a divisa passa a acumular uma forte alta de 8,8% em 2021 ante o real. E as expectativas para novembro não indicam melhora dessa situação.
Vale ressaltar que o dólar já se encontra em patamar bastante elevado atualmente (R$ 5,6476), o segundo mais alto dos últimos seis meses e meio. Inclusive, o real teve um dos piores desempenhos em outubro ao considerar 120 moedas de todo o planeta.
Todo esse resultado negativo aconteceu, principalmente, por causa das incertezas internas. Em resumo, o governo federal lançou o Auxílio Brasil, substituto do Bolsa Família. O programa entrará em vigor no país em novembro e disponibilizará R$ 400 aos beneficiários, mas isso apenas em dezembro, porque o governo ainda não encontrou meios de financiar o programa.
Inclusive, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que a equipe econômica vem tentando viabilizar meios de alterar o teto de gastos públicos, tido como âncora fiscal do país. Aliás, uma das opções consiste em criar uma “licença para gastar” com o programa assistencial.
Por isso, os investidores temem esse aumento de gastos públicos, pois isso eleva a inflação no país, que já está em nível bastante alto. O governo pretende pagar R$ 400 até dezembro de 2022, o que faz o mercado acreditar que a medida é para angariar votos para o presidente Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais do ano que vem. E isso também não é bem visto.
Veja o que mais impulsionou o dólar e como afetará sua vida
Além dos problemas domésticos, o mercado tambem ficou atento ao Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA. A entidade já sinalizou que os juros adotados no país começarão a subir assim que os estímulos injetados na economia acabem de vez. E a expectativa é que os estímulos comecem a cair em novembro e que os juros subam em meados de 2022.
Nesse cenário, o dólar acaba ficando mais atraente, pois os juros mais altos nos EUA dão retornos maiores para os investidores. E isso acabou ajudando a impulsionar o dólar, ainda mais porque a próxima reunião do Fed, em novembro, deverá começar a reduzir os estímulos, que atualmente são de US$ 120 bilhões mensalmente.
Em suma, quando o dólar sobe, os consumidores passam a pagar mais caro por produtos importados, que são cotados na moeda americana. Assim, o pão, que milhões de brasileiros consomem diariamente, fica mais caro, pois o trigo é importado. Isso quer dizer que o produto nem precisa, de fato, vir do exterior, basta ter alguma relação com itens importados para ficar mais caro.
Outro problema para os consumidores que também é causado pela alta do dólar é a redução da oferta interna. Como os produtores pretendem lucrar mais, tendem a enviar seus produtos para o exterior, já que a cotação é em dólar. Dessa forma, a demanda interna supera a oferta, elevando os preços de diversos itens.
Por fim, o petróleo também vem acumulando ganhos nos últimos pregões. Isso acaba impulsionando o preço dos combustíveis no país, até porque a cotação do petróleo também é em dólar. Ou seja, você nem precisa viajar para os Estados Unidos, por exemplo, para saber o quão caro o dólar está.
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