O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou nesta quarta-feira (23) que a incerteza fiscal pode limitar o crescimento econômico brasileiro. De acordo com ele, o cenário do país em 2023 pode fazer a entidade financeira voltar a subir a inflação.
A saber, a incerteza fiscal elevada pode impulsionar a inflação no país. Quando isso acontece, o BC age para segurar a inflação, que representa o aumento contínuo e generalizado dos preços de bens e serviços. E a ação tomada pela entidade financeira é aumentar os juros no Brasil.
Em síntese, a taxa básica de juro da economia, a Selic, é o principal instrumento do BC para conter a inflação. Quanto mais alta a Selic estiver, mais altos ficarão os juros no país. Assim, o crédito fica mais caro, reduzindo o poder de compra do consumidor e desaquecendo a economia.
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BC parou de elevar os juros no país
Neste ano, o BC elevou várias vezes a taxa Selic. Contudo, nas duas últimas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, a taxa se manteve estável em 13,75% ao ano. Embora não tenham avançado, os juros estão no maior patamar dos últimos seis anos. E eles podem voltar a subir, segundo Campos Neto.
“O que a gente tem vivido é um mar de incerteza há bastante tempo […] E a gente tem uma incerteza grande em relação à inflação, que eu acho que agora começa a passar por um ponto de inflexão [queda]”, disse o presidente do BC durante uma palestra.
“Tem uma incerteza ainda grande em relação ao efeito, a parte de crescimento [da economia]. Mas tem uma incerteza fiscal hoje que passa a fazer um peso importante”, acrescentou.
Vale destacar que a proposta de emenda à Constituição (PEC) da Transição pode aumentar a incerteza fiscal no país. Em síntese, a proposta pode liberar um gasto extra de R$ 175 bilhões ao governo federal em 2023, fora do teto de gastos.
“É importante a gente ver o que que vai sair, o que significa isso em termos de trajetória de dívida, e obviamente faz parte da função do Banco Central reagir”, disse Campos Neto.
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