A população brasileira está cada vez mais endividada. Pelo menos é o que aponta a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), divulgada nesta quinta-feira (3).
De acordo com os dados, o percentual de famílias inadimplentes subiu de 26,4% em janeiro para 27,0% em fevereiro. A taxa é a mais elevada desde março de 2010, ou seja, há 12 anos. Na comparação com fevereiro de 2021, a inadimplência cresceu 2,5 pontos percentuais (p.p.), visto que a taxa estava em 24,5% à época.
Além disso, a CNC também revelou que 76,6% das famílias do país estavam endividadas em fevereiro. Esse nível supera o de janeiro (76,1%) e retoma o patamar registrado em dezembro do ano passado. Há um ano, a quantidade de famílias endividadas chegava a 66,7% no país, o que representa um forte crescimento de 9,9 p.p. no período.
No ano passado, o endividamento das famílias brasileiras cresceu 21% em relação a 2020. Esse avanço ocorreu devido à expansão de linhas de crédito mais caras e sem garantias. Em 2022, a situação permanece difícil para a população, que segue enfrentando inflação elevada e juros cada vez mais altos.
Juros elevados fortalecem a inadimplência
De acordo com o presidente da CNC, José Roberto Tadros, a escalada de juros no país fortalece a inadimplência. A saber, 10,5% das famílias brasileiras declararam que não possuem condições de pagar suas contas ou dívidas em atraso. Em outras palavras, esta parcela da população permanecerá inadimplente. Este é o mesmo percentual de fevereiro de 2021.
“O panorama mostra que, na margem, o custo do crédito mais elevado e o próprio endividamento alto entre as pessoas que vivem no mesmo domicílio dificultam a contratação de novas dívidas e o pagamento dos compromissos na data de seus vencimentos”, disse Tadros.
A CNC também revelou que a dívida com cartão de crédito atingiu 86,5% das famílias do país em fevereiro. Em seguida, ficaram os carnês de loja (19,9%), financiamento de carro (11,7%), financiamento de casa (9,1%), crédito pessoal (9,2%), crédito consignado (6,5%) e cheque especial (5,7%).
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