Embora pareça uma causa estável para alguns, as ações promovidas em combate à violência contra a mulher geram um impacto bilionário na economia do país. Ao todo, são R$ 214,42 bilhões vinculados ao Produto Interno Bruto (PIB) no decorrer de dez anos.
A estimativa foi apresentada por um estudo feito pela gerência de economia e finanças empresariais da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). Segundo a pesquisa, a violência contra a mulher resultou no fechamento de 1,96 milhão de postos de trabalho por todo o país, além da perda da massa salarial em R$ 91,44 bilhões e de arrecadação em R$ 16,44 bilhões em tributos.
De acordo com a economista-chefe responsável pelo estudo, Daniela Britto, cerca de 13% das mulheres que atuam no mercado de trabalho sofrem algum tipo de violência doméstica. Para ela, este número pode ser convertido em falta de trabalho, queda de produtividade e, em casos extremos, na saída do mercado de trabalho, decisão condicionada ao estágio da violência.
É importante considerar esses dados como subnotificados, pois muitas mulheres têm medo de registrar um boletim de ocorrência quando sofrem algum tipo de violência. Cerca de 45,4% das mulheres compõem o mercado de trabalho brasileiro segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No ano de 2019, 184.358 casos de violência contra a mulher foram registrados no país, incluindo violência física, psicológica e sexual.
Do total mencionado, mais da metade dos registros consistem em reincidências. Daniela conta que observou o impacto da violência contra a mulher na economia brasileira por meio da ausência no trabalho, queda da produtividade e perda do emprego. É importante considerar que, a longo prazo, a produtividade das empresas no geral também tende a cair, em virtude da queda do consumo provocada pela redução da massa salarial.
Dados da Fiemg apontam que 12,5% das mulheres ocupadas economicamente alegaram ter sofrido algum tipo de violência nos últimos 12 meses, o equivalente a 3,3 milhões de brasileiras. Deste total, 25% faltaram, pelo menos, uma vez no trabalho ao longo do último ano. A média integral é de 18 faltas no trabalho por ano, capazes de provocar uma perda de massa salarial estimada em R$ 974,8 milhões.
Tipos de violência contra a mulher e características
Violência física
Qualquer ação que ofenda a integridade ou saúde corporal, como:
- Sacudir, apertar ou segurar com força;
- Atirar objetos;
- Lesões com objetos cortantes ou queimaduras;
- Espancamento, estrangulamento ou sufocamento;
Violência psicológica
Qualquer comportamento que gere danos emocionais, bem como a diminuição da autoestima, como:
- Ameaças, constrangimentos e humilhação;
- Manipulação e insultos;
- Limitação do direito de ir e vir;
- Perseguição e chantagem;
Violência sexual
Atitude que faz a mulher presencial, manter ou participar de relação sexual não desejada, além de:
- Forçar a gravidez por meio da coação ou manipulação;
- Impedir o uso de métodos contraceptivos;
- Obrigar o aborto;
- Limitar direitos sexuais e reprodutivos da mulher;
Violência patrimonial
Qualquer atitude que caracterize retenção, subtração, destruição parcial ou total de bens, como:
- Não pagar pensão alimentícia;
- Controlar o dinheiro;
- Destruir documentos pessoais;
- Causar danos propositais aos bens;
Violência moral
Qualquer atuação que se caracterize como calúnia, difamação ou injúria, como:
- Exposição da vida íntima e acusação de traição;
- Emitir juízos morais sobre a sua conduta;
- Rebaixar por meio de xingamentos que incidem sobre a sua índole.