A estudante Ana Lais Scarpa, de 22 anos de idade, é um exemplo da insatisfação da população brasileira com a própria nação, ou melhor, do atual governo presidido por Jair Bolsonaro. Ana mora na Itália, na cidade de Arzignano, e já perdeu as contas de quantos brasileiros cruzaram seu caminho pela Europa.
A estudante mora na Itália desde setembro de 2020, quando se mudou para trabalhar como babá e dar entrada no pedido de cidadania italiana, direito adquirido por meio do trisavô que emigrou da Itália para o Brasil no final do século 19. O desejo de tamanha mudança foi intensificado com a chegada da pandemia da Covid-19, quando ela decidiu que não queria mais continuar no curso de Nutrição da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em Belo Horizonte.
O gosto por viagens e conhecer novas culturas apenas ampliou os horizontes de Ana. “Ia me formar, ganhar pouco, sem muitas chances de crescer”, disse a estudante que hoje cursa Economia gratuitamente por ser uma italiana de baixa renda. Ana conta que o que a atraiu na Itália, além da possibilidade de adquirir a cidadania, é a qualidade de vida que o país oferece.
Ela reconhece que assim como no Brasil, a Itália não fica isenta de problemas, mas também diz que não são nem de longe o caos que o Brasil enfrenta. A estudante já conheceu diversos brasileiros que tomaram a mesma atitude dela, trocar o Brasil pela Itália. Contudo, a população italiana tem sido dominada pelos indianos.
É importante destacar que a experiência de Ana reflete os dados oficiais apurados pelo governo brasileiro. De acordo com o levantamento mais recente feito pelo Itamaraty, a imigração de brasileiros para a Itália dobrou nos últimos dois anos. No ano de 2018, 85,7 mil brasileiros já viviam no país, mas no ano passado, esse número saltou para 161 mil, um aumento equivalente a 88%.
Os dados compõem uma estimativa do Ministério de Relações Exteriores que considera os registros dos consulados brasileiros, informações de origem em outros órgãos nacionais, como a Receita Federal e demais autoridades italianas. Isso quer dizer que na prática, os números podem ser ainda maiores.