Quem acompanha o noticiário de economia sabe que o minério de ferro vem sofrendo sucessivas quedas nos últimos tempos. E é justamente por causa do enfraquecimento da commodity que o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) recuou 1,09% na primeira prévia de setembro.
De acordo com André Braz, coordenador dos índices de preços do Ibre/FGV, o minério de ferro impactou o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que representa 60% do IGP-M, em 2,75 pontos percentuais negativos. Aliás, o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), responsável pelo levantamento, divulgou as informações nesta sexta-feira (10).
Aliás, ao excluir o minério de ferro, o IPA teria subido 1,08%. No entanto, o índice caiu 1,67% e puxou consigo o IGP-M. “Isso mostra que as pressões inflacionárias seguem, embora mais amenas que no segundo semestre do ano passado, quando câmbio e commodities subiam. Hoje, o câmbio está estável e as commodities desaceleram”, disse Braz.
“O movimento é pontual e não revela as pressões que estamos vivendo”, acrescentou o economista. A saber, o minério de ferro corresponde a 10,87% do IPA. Vale destacar que a desaceleração do indicador tende a beneficiar quem paga aluguel, uma vez que o IGP-M é usado justamente em reajustes de contratos de aluguel.
Índice de Preços ao consumidor sobe na prévia
Se, por um lado, o IPA recuou, por outro, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) subiu no período (0,65%). Este índice responde por 30% do IGP-M, ou seja, sua variação exerce metade do impacto provocado pelo IPA. Por isso que a queda deste puxou o indicador de mercado pra baixo apesar do avanço do IPC.
Segundo Braz, a pressão exercida pela nova bandeira tarifária “escassez hídrica” impulsionou o IPC nesta prévia. Em suma, a bandeira elevará em R$ 14,20 a conta de luz dos consumidores a cada 100 quilowatts/hora (kWh) consumidos. Isso representa um aumento de 49,63% em relação à bandeira vermelha patamar 2, que era a mais cara do país até então, elevando em R$ 9,49 a conta dos consumidores.
Por fim, o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) variou 0,38%, mas não conseguiu impedir a queda do IGP-M nesta prévia. A saber, o INCC responde por 10% do indicador, exercendo o menor impacto entre os índices componentes.
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