Muitas vezes, o mercado reflete os problemas enfrentados pelas economias globais. Os investidores fogem de países que não ofereçam segurança e tranquilidade, até porque ninguém é obrigado a deixar seu dinheiro em lugares sem segurança. E o Brasil é o claro retrato de riscos extremamente elevados.
Nesta quarta-feira (8), o Ibovespa afundou 3,78% e encerrou o dia aos 113.413 pontos. A saber, essa é a maior queda diária do índice desde 8 de março. Hoje também é o menor nível de fechamento do Ibovespa desde 24 de março (112.064 pontos). E o principal responsável pelo derretimento das ações é o presidente Jair Bolsonaro.
Em resumo, os atos de 7 de setembro e as falas de Bolsonaro aumentaram a tensão entre os Três Poderes do país. O presidente voltou a atacar ministros do STF, governadores e prefeitos, bem como o sistema eleitoral brasileiro. Ele ainda afirmou que não irá mais cumprir as decisões do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Em resposta a Bolsonaro, o presidente do STF, ministro Luiz Fux, afirmou nesta quarta que “ninguém fechará a Corte”. “Este Supremo Tribunal Federal jamais aceitará ameaças à sua independência nem intimidações ao exercício regular de suas funções. Ninguém fechará esta Corte. Nós a manteremos de pé, com suor e perseverança”, disse.
“Se o desprezo às decisões judiciais ocorre por iniciativa do chefe de qualquer dos poderes, essa atitude, além de representar atentado à democracia, configura crime de responsabilidade, a ser analisado pelo Congresso Nacional”, acrescentou o ministro Fux.
Fatores internacionais também repercutem no dia
Além disso, o preço do minério de ferro caiu 4,2% nesta quarta, para US$ 132,19 por tonelada. A saber, esse é o menor patamar da commodity desde 1º de dezembro. O minério, que chegou a acumular avanço de 50% no ano em maio, agora acumula fortes perdas de 17,6% em 2021.
Em contrapartida, o preço do petróleo subiu nesta quarta, mas não impediu o tombo do Ibovespa. Em síntese, os preços do contrato para novembro do barril Brent, referência global, subiram 1,27%, para US$ 72,60. Já o WTI, referência americana, teve alta de 1,39% e o barril chegou a US$ 69,30.
Tudo isso influenciou o Ibovespa, mas de maneira bem menos intensa que os fatores internos. Ao todo, entre compras e vendas, os papéis do índice movimentaram R$ 27 bilhões, com a pressão vendedora muito acima das intenções de compra. Aliás, esse volume ficou bem maior que a média diária de 2021, de R$ 23 bilhões.
Por fim, apenas cinco ações subiram no dia: Localiza ON (8,03%), Locamérica ON (7,23%), Suzano Papel ON (1,81%), Qualicorp ON (0,99%) e Weg ON (0,30%). No pregão, exportadoras e frigoríficos se beneficiaram com a disparada do dólar. Mas o maior avanço foi da Localiza após o Cade dar sinal verde para a fusão entre a companhia e a Unidas.
Por outro lado, entre os inúmeros tombos do dia, os maiores vieram de: Méliuz ON (-11,36%), Via ON (-9,35%), Eletrobras ON (-9,29%), Americanas ON (-9,15%) e Eletrobras PNB (-8,89%).
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