O mercado financeiro do Brasil está parecendo uma gangorra. Na semana passada, o Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores, acumulou ganhos firmes de 4,70%. Por outro lado, na sessão de ontem (8), encerrou o dia com uma forte queda de 3,98%. Aliás, o recuo foi puxado, principalmente, pela anulação das condenações do ex-presidente Lula. Hoje, seguindo esse movimento do sobe e desce, o índice avançou 0,65%, aos 111.331 pontos.
Não que hoje tenha ocorrido um grande evento para mudar completamente o cenário do fechamento do pregão de ontem, mas a alta veio. Dois grandes fatores contribuíram para isso: a preservação integral do texto da PEC Emergencial aprovado no Senado e o recuo dos rendimentos dos títulos de longo prazo dos Estados Unidos.
Veja mais detalhes do que influenciou o índice no dia
Em primeiro lugar, a anulação de todas as condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela Justiça Federal continuou repercutindo entre os investidores. A saber, essa decisão impacta quatro processos: do triplex no Guarujá, do sítio de Atibaia, da sede do Instituto Lula e das doações ao Instituto Lula. Assim, Lula recuperou seus direitos políticos e pode concorrer à eleição de 2022, caso sua situação permaneça desse jeito até lá.
Vale destacar que a anulação das condenações não significa que Lula não poderá ser condenado novamente, mas apenas que a 13ª Vara Federal de Curitiba não possuía competência para proferir tais condenações. Com o decorrer do processo, agora no Distrito Federal, Lula ainda poderá ser condenado.
Além disso, a pandemia da Covid-19 continua avançando no país. O ritmo de vacinação segue lento, mas as infecções e mortes batem recorde recorrentemente. Para dar assistência aos mais vulneráveis, houve a decisão de trazer de volta o Auxílio Emergencial. E isso acontecerá através da aprovação da PEC emergencial, cujo relator é o deputado Daniel Freitas (PSL).
Muito se especulou sobre mudanças no texto da PEC antes de sua votação na Câmara dos Deputados. Isso porque o presidente Jair Bolsonaro vem pressionando para que o dispositivo exclua os policiais do congelamento de salários. No entanto, Daniel Freitas afirmou que não haverá modificações no texto da PEC Emergencial.
Esse movimento de Bolsonaro aumentou o receio entre os operadores de uma guinada populista do governo federal. Em suma, essa preocupação existe desde as interferências do presidente na Petrobras, que indicou uma possível alta da ingerência governamental em outras estatais do país. Agora, metendo ainda mais o dedo nas decisões de outros órgãos, poderes e empresas, o risco político se mostra cada vez maior.
43 das 82 ações do Ibovespa encerram o dia no azul
Do cenário internacional, a principal notícia que pesou no pregão desta terça foi o recuo dos rendimentos dos títulos do Tesouro americano. Assim, as taxas passaram de 1,594%, maior nível em mais de um ano, para 1,552% na sessão de hoje. Uma das razões que puxou as taxas pra baixo foi o otimismo com o pacote de estímulos fiscais nos EUA, que elevaram os ânimos dos investidores.
Em resumo, após tudo isso, 43 das 82 ações que compõem a carteira do Ibovespa conseguiram subir no dia. Ao todo, entre compras e vendas, movimentaram R$ 32 bilhões no dia, volume 15% maior que a média diária de 2021, de R$ 28 bilhões. E as principais altas do dia vieram de Minerva ON (6,14%), BRF ON (5,98%), Suzano ON (5,06%), Braskem PNA (4,27%) e Totvs ON (4,05%). Nesse caso, a elevação do dólar impulsionou as ações dos frigoríficos e da Suzano. Já a Totvs confirmou a compra da empresa de marketing digital RD Station, no valor de R$ 1,8 bilhão.
Por fim, do lado das perdas, as mais intensas ficaram com: Lojas Americanas PN (-5,70%), B2W ON (-5,25%), Via Varejo ON (-4,85%), Cia Hering ON (-4,06%) e EZTEC ON (3,93%). Em suma, as maiores quedas aconteceram após a Movida pedir a reprovação da fusão entre a Localiza e a Unidas. A saber, o pedido seguiu para o Conselho de Administração de Defesa Econômica (Cade), com a companhia citando problemas concorrenciais.
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