O Ibovespa continua apresentando um desempenho bastante morno nos últimos pregões. A saber, o índice superou a marca dos 111 mil pontos em 26 de janeiro. Antes disso, sofreu para conseguir chegar perto desse nível. Contudo, de lá pra cá, vem apresentando variações bem tímidas.
No pregão desta quarta-feira (9), o Ibovespa repetiu esse comportamento e subiu apenas 0,20%, para 112.461 pontos. Na parcial de fevereiro, acumula leve alta de 0,28%, mas ainda tem expressivos ganhos de 7,29% em 2022 graças ao forte desempenho em janeiro.
Em suma, o que explica essa pouca expressividade do Ibovespa nos pregões é a situação doméstica. Isso porque a saúde fiscal do Brasil se mostra cada vez mais comprometida com o aumento dos gastos públicos, como a aprovação da PEC dos Precatórios para pagar o Auxílio Brasil.
Além disso, o Comitê de Política Monetária (Copom) acredita que a inflação no Brasil deve estourar a meta de 2022, algo que também aconteceu em 2021. Aliás, o Copom elevou os juros básicos do país na semana passada e acredita que os avanços continuarão firmes no decorrer deste ano.
O problema é que os juros altos reduzem o poder de compra do consumidor, pois encarecem o crédito. Assim, a economia desaquece e os investidores tendem a fugir do país. Por outro lado, juros mais altos atraem mais recursos estrangeiros, pois aumentam a rentabilidade dos ativos no Brasil.
Vale destacar que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou hoje os dados da inflação em janeiro. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) variou 0,54% em janeiro deste ano, maior valor para o mês desde 2016. Em 12 meses, a taxa subiu de 10,06% para 10,38%. E, quanto mais alta a inflação, mais os juros sobem para segurá-la.
71 das 92 ações do Ibovespa sobem nesta quarta
Na sessão de hoje, 71 das 92 ações do Ibovespa fecharam em alta. O avanço do índice só não foi mais expressivo, pois os pesos pesados do indicador, a Vale, a Petrobras e os bancões, que concentram 43% da carteira do Ibovespa, não tiveram um bom desempenho. Assim, impediram um avanço mais firme do índice.
Aliás, vale ressaltar que estes pesos pesados impediram a queda do Ibovespa em diversos pregões recentes. Como a situação doméstica se mostrava complicada, a maioria das ações caía, mas estes papéis impediam a queda do índice.
A saber, os bancões tendem a ser beneficiados com os juros altos no país. No entanto, estas empresas detêm títulos do governo, e o avanço da Selic reflete o aumento do risco fiscal do Brasil. Ou seja, o cenário de juros altos favorece os bancões, mas as razões para que isso ocorra os prejudica. E isso vem pesando no desempenho dos papéis do setor nos últimos dias.
Ao todo, entre compras e vendas, os papéis do Ibovespa movimentaram R$ 26 bilhões na sessão desta quarta. O valor ficou bem superior à média diária de 2022, de R$ 22 bilhões.
Por fim, os maiores avanços do dia vieram de: Grupo Natura ON (+7,83%), Azul PN (+6,44%), Minerva ON (+5,84%), Méliuz ON (+5,71%) e Tim ON (+5,06%). Em contrapartida, os recuos mais intensos foram do Bradesco, tanto as suas ações ordinárias (-8,80%), quanto as preferenciais (-8,58%).
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