O Ibovespa iniciou março amargando uma parcial negativa de 7,55%. Contudo, nesta primeira semana do terceiro mês de 2021, o principal índice acionário da bolsa brasileira conseguiu registrar ganhos firmes. Nesse caso, o Ibovespa disparou 4,70% na semana, mas ainda acumula perdas de 3,21% no ano. E, mesmo não revertendo todo o resultado negativo, o crescimento semanal já foi motivo de bastante comemoração.
PEC Emergencial impulsiona Ibovespa
O primeiro fator que ajudou a impulsionar o Ibovespa na semana foi a PEC Emergencial. Em resumo, esta Proposta de Emenda à Constituição (PEC), caso aprovada, irá possibilitar o retorno de parcelas do Auxílio Emergencial. A PEC não é o auxílio em si, mas sim o dispositivo para que o auxílio volte. Em geral, os economistas torcem pela aprovação desse texto, que, por sinal, ficou mais enxuto e facilitou a votação da proposta. Aliás, a PEC já passou pela aprovação do Senado, em dois turnos, e agora segue para a Câmara dos Deputados, onde também passará por dois turnos de votação, que devem ocorrer na próxima semana.
Por envolver despesas menores, o retorno do auxílio sob essas condições representou um leve respiro fiscal e ajudou o Ibovespa a subir na semana. Em suma, os investidores torciam para que houvesse respeito ao teto de gastos, tido como a âncora fiscal do país atualmente. Ao mesmo tempo, temiam o impacto que essas novas rodadas do benefício poderiam causar nos cofres públicos. E, claro, qual mágica precisaria ser feita para que as despesas coubessem dentro do teto de gastos, sem pedaladas fiscais ou excepcionalidades.
O texto mais enxuto agradou o mercado, mas não muda a situação do Brasil, que vem sofrendo com elevação da dívida pública, principalmente para custear programas de enfrentamento à pandemia da Covid-19. Por falar nisso, o ritmo de vacinação segue a passos lentos. Em contrapartida, a pandemia avança mais a cada dia, com recordes de casos e mortes superados recorrentemente.
Veja o que mais impactou o índice na semana
Além disso, vale destacar os ruídos políticos, bastante intensos na semana anterior. Em síntese, mais uma elevação nos preços da gasolina e do diesel por parte da Petrobras, no último dia 18, deu abertura para diversas reações. Por não concordar com a decisão da estatal, o presidente Bolsonaro anunciou no dia seguinte (19) que o general Joaquim Silva e Luna assumiria o cargo de presidente-executivo da Petrobras, dispensando Roberto Castello Branco, que ocupava o posto desde o início do governo, em janeiro de 2019. Assim, o medo da elevação da ingerência governamental em outras estatais puxou o índice ainda mais para baixo.
Mesmo com a insatisfação do presidente com a alta dos preços, a Petrobras elevou mais uma vez os preços dos combustíveis na última terça-feira (2). Nesse caso, apesar da troca de presidentes determinada por Bolsonaro, o mandato do atual presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, segue até o dia 20 de março.
Por fim, o resultado semanal não deve prevalecer nos próximos pregões. Muitos investidores não mostram grande interesse em alocar dinheiro no Brasil, dados os riscos fiscais e políticos cada vez maiores. Agora, é esperar pra ver se a previsão dos economistas acontecerá ou se algum fato explosivo conseguirá modificar esse futuro.
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