Não tem jeito de o Ibovespa subir. Quando não é o cenário doméstico pesando no índice, é o mau humor externo que o derruba. Nesta segunda-feira (20), o mundo esteve atento à China, onde a crise na segunda maior empresa do setor imobiliário chinês, a Evergrande, agravou-se.
Em resumo, a gigante chinesa pode dar calote nos credores, pois suas dívidas são imensas. A saber, a Evergrande possui mais de 1,4 milhão de imóveis em construção, que podem nunca ser finalizados. A companhia já perdeu quase 85% do seu valor de mercado na bolsa de Hong Kong. Essa situação pode causar um efeito dominó, o que afetaria a recuperação econômica não só da China, mas de todo o planeta.
Esse assunto foi o que mais pesou na sessão de hoje. No entanto, os investidores também seguiram ansiosos à reunião do Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, que acontecerá nesta semana. Em suma, o mercado acredita que o Fed manterá a taxa de juros estável. No entanto, não há certezas sobre a compra de títulos públicos do país.
O Fed já sinalizou que reduzirá o volume das compras ainda em 2021. Entretanto, a desaceleração econômica global faz os economistas repensarem a ideia. E isso ocorre devido à Delta, variante mais transmissível do novo coronavírus, que está elevando os casos e mortes em todo o planeta nos últimos tempos. Agora, com a crise da Evergrande, a retomada econômica fica ainda mais incerta.
No cenário doméstico, os investidores esperam a próxima reunião do Comitê de Política Monetária do BC, que ocorrerá amanhã (21) e quarta (22). Em síntese, os analistas acreditam em uma elevação de 1,0 ponto percentual da Selic. Inclusive, o BC deve seguir elevando a Selic até o final do ano, e os consumidores pagarão cada vez mais caro no país.
Apenas 5 das 91 ações do Ibovespa sobem nesta segunda
Diante de tudo isso, o Ibovespa afundou 2,33% e encerrou o pregão aos 108.844 pontos. A saber, esse é o menor patamar desde 23 de novembro do ano passado, quando o índice fechou aos 107.379 pontos. Em setembro, as perdas do Ibovespa já chegam a 8,37%.
Nesta segunda, apenas 5 das 91 ações do Ibovespa subiram. Ao todo, entre compras e vendas, os papéis do índice movimentaram R$ 25 bilhões, valor superior à média diária de 2021, de R$ 22 bilhões.
O maior destaque positivo ficou com a Copel, cujas ações saltaram 4,68%. Isso ocorreu porque o conselho da empresa anunciou a aprovação do pagamento de R$ 1 bilhão em dividendos para novembro. Os outros avanços vieram de: Sabesp ON (1,81%), CVC Brasil ON (0,88%), Iguatemi ON (0,40%) e Energias do Brasil ON (0,11%).
Em contrapartida, os maiores tombos vieram de: Braskem PNA (-11,54%), Via ON (-6,74%), Méliuz ON (-5,91%), IRB Brasil Resseguros ON (-5,79%) e Petro Rio ON (-5,68%). O destaque ficou com a Braskem, que não encontrou investidor para cumprir plano de recuperação da Odebrecht.
Por fim, vale ressaltar a mineradora Vale, que responde por 13% da carteira do Ibovespa. Desde 28 de julho, quando registrava uma valorização de 43% no ano, as ações da mineradora caem sem paraquedas. O tombo de 3,30% nesta segunda elevou as perdas da Vale, que agora tem ganhos no ano de apenas 1,49%.
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