O governador eleito do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, foi afastado do cargo pelo Supremo Tribunal Federal por 90 dias, após os atos golpistas ocorridos na capital federal no último dia 8 de janeiro. A suspeita é de que ele tenha sido conivente com os atos, bem como outros órgãos de segurança e inteligência, que seriam responsáveis por garantir a segurança dos prédios públicos da Praça dos Três Poderes.
Nesse sentido, a bolsonarista Celina Leão (PP), que assumiu interinamente o cargo de governadora do Distrito Federal, no lugar de Ibaneis, afirmou que o mesmo foi avisado sobre o risco de sabotagem e que a nomeação do ex-ministro Anderson Torres para a secretaria de Segurança Pública causaria “problemas”.
“Talvez a boa-fé do governador o tenha colocado nessa situação, por não acreditar que poderia ser sabotado, mesmo tendo sido alertado por diversas pessoas. Ele quis nomeá-lo, apesar do pedido formal do PT para evitar. Ele [Ibaneis] dizia que Anderson havia sido secretário antes e que não houve problema”, disse Celina Leão.
Ainda, de acordo a governadora em exercício, falou “fala firme” de Bolsonaro para que fosse evitado o caos no cenário político atual. “Se houvesse uma fala firme dele, não teríamos o cenário atual. Por outro lado, o movimento estava tão extremado que, talvez, a preocupação dele era perder os apoiadores se falasse. Nesse cenário, o prejuízo teria sido menor do que o prejuízo que está acontecendo agora”, afirmou Celina.
Celina também estranhou a viagem de Torres para os Estados Unidos em uma semana que os atos golpistas estavam sofrendo escalada em Brasília. De acordo com ela, o ex-secretário disse que estava “cansado” e queria passar um tempo com a família
Governadora disse que PM foi impedida de remover acampamento
A governadora também atribuiu ao exército uma parte da culpa pelos atos pelo fato de não ter autorizada a retirada dos acampamentos em frente ao Quartel General em Brasília. “O governo do Distrito Federal tentou retirar o acampamento e foi impedido pelo Exército. Quando você coloca a Polícia Militar para tirar os manifestantes e o Exército não deixa, há um erro de comanda entre as forças. O inquérito vai descobrir”, disse a governadora.
Ainda nesta semana, a governadora também afirmou que quem irá definir o chefe de segurança do Distrito Federal é o próprio governo federal. Segundo ela, a atual preocupação do Governo do Distrito Federal é garantir a segurança da posse de deputados e senadores no dia 1º de fevereiro.
Por fim, ela comentou que não há previsão de a intervenção federal ser estendida. Na prática, o prazo termina no próximo dia 31 de janeiro. “Vamos dar toda a continuidade para que no dia 1º, nas posses dos deputados federais, a gente tenha todo um planejamento de segurança, que começa a ser feito agora. Estamos nesse período de transição e de afinidade para que a gente não tenha nenhuma surpresa e para darmos toda a tranquilidade para esse que é o dia da democracia, que nossos senadores e deputados federais tomarão posse”, disse a governadora Celina Leão.