Pouco tempo depois de completar 40 dias no cargo de CEO, Otávio Brissant, renunciou ao posto na Hurb. Segundo informações, Brissant renunciou ao cargo, pois as “propostas para resolver os problemas da companhia não foram aceitas” e, em sua visão, “cumpriu sua missão, ao construir e apresentar caminhos viáveis para a reestruturação da empresa”. O até então CEO, Brissant foi diretor jurídico e de pessoas da Hurb, tendo ficado na empresa por 7 anos.
O ex-CEO anunciou sua saída através de seu LinkedIn. “Retomamos o diálogo com instituições financeiras e com órgãos reguladores e governamentais. Conseguimos mobilizar uma grande força-tarefa para atender clientes, hotéis e fornecedores. Construímos alternativas com potencial para ajudar a empresa e se recuperar operacional e financeiramente, que não obtiveram consenso”, apontou Brissant. Com isso, o fundador da companhia, João Ricardo Mendes, voltará a ser CEO da companhia.
Desde que João Ricardo saiu do cargo, a situação da Hurb inclusive piorou. O governo proibiu que a empresa vendesse pacotes com datas flexíveis, fazendo com que a empresa perdesse sua maior fonte de receita e, devido a isso, 40% do quadro de funcionários da companhia foi desligado. Além disso, a Latam suspendeu a emissão de novas passagens para a companhia e ingressou com uma ação cobrando uma dívida que chega na casa de 13 milhões de reais. É maior crise nos 12 anos de existência da empresa.
Hurb atrasa salários de funcionários
Ainda nesta semana, a Hurb emitiu um comunicado para funcionários informando que iria atrasar o pagamento dos salários, a data do pagamento do salário dos 400 empregos demitidos também foi postergada. No comunicado, a empresa afirmou que foi necessário realizar mudanças devido ao seu “cenário atual”. Com isso, os salários dos funcionários serão divididos em duas parcelas, sendo a primeira com valor equivalente a 32%, paga na terça-feira (6 de junho), já o restante dos valores será depositado na próxima segunda-feira (12).
Já pelo lado dos demitidos, a expectativa é que o salário fosse pago também na última terça-feira, contudo, este será pago junto com a rescisão, previsto para amanhã, sexta-feira (9). O anúncio revoltou a todos, primeiro pela questão da nova da data de pagamento e segundo que o e-mail foi enviado para uma lista de pessoas sem que fosse selecionada a opção de cópia oculta, ou seja, todos os funcionários tiveram seus endereços pessoais expostos, o que fere a Lei Geral de Proteção de Dados.
Atraso e parcelamento de salários fere a CLT
De acordo com o advogado especialista em direito no trabalho, Rafael Fazzi, atraso ou parcelamento de salário é um ato ilegal e traz penalizações para as empresas. No entanto, pelo lado dos demitidos, a Hurb não praticou ilegalidade. Contudo, deve ser honrado o prazo de dez dias, que se encerra nesta sexta-feira, para efetuar tanto o pagamento do salário quanto da rescisão. Caso a Hurb descumpra com o acordo, os funcionários terão direito a indenização no valor equivalente ao seu salário mensal.
“O empregado pode entrar com uma ação de danos morais pelo atraso e pedir rescisão indireta por causa da falta de pagamento dentro do prazo, caso se torne constante. E o Ministério do Trabalho pode verificar a situação e autuar a empresa”, disse Rafael. “Se o empregado tiver prejuízo financeiro em razão do atraso do salário, como não conseguir pagar aluguel ou contas de luz e água, por exemplo, acarretando em juros e multas destas parcelas, poderá também pleitear em juízo o pagamento de indenização por danos materiais, na proporção dos valores que precisou desembolsar a mais”, completou.