Após os problemas das empresas 123 milhas e Hotmilhas, agora é o momento para a MaxMilhas, uma companhia integrante do mesmo conglomerado, entrar em foco. A organização recentemente compartilhou uma comunicação via email com sua rede de fornecedores, marcando assim sua presença. O conteúdo do email foi o seguinte:
Bem, não se pode alegar falta de advertência, e tal situação poderia sinalizar a iminência de algo ainda mais desafiador no horizonte. Mesmo diante desse contexto desfavorável, há influenciadores que se autointitulam conhecedores de economia e estão endossando a empresa, apesar de que o atual momento não se mostra propício para assumir quaisquer riscos.
Hurb, 123 milhas e os pacotes flexíveis
A crise que tem abalado a empresa, colocando-a em risco iminente de entrar em processo de recuperação judicial, é apenas mais um episódio em meio às turbulências recentes do mercado turístico. Já em maio, a Hurb havia se visto obrigada a cancelar milhares de pacotes turísticos promocionais que haviam sido comercializados entre 2020 e 2021, durante o auge da pandemia de Covid-19. No início de agosto, a CVC também anunciou um prejuízo considerável, cifrado em torno de R$ 160 milhões, no segundo trimestre de 2023, representando um aumento de 76% em relação ao mesmo período do ano anterior.
“Dessas duas possibilidades, ou houve falhas de planejamento por parte dessas empresas, ou todas elas agiram com má-fé visando lucros rápidos em um curtíssimo prazo. Esse modelo de negócios assemelha-se a uma venda a descoberto, no qual as empresas vendem pacotes com uma considerável antecedência em relação à data da viagem, muitas vezes superior a um ano. Isso leva a que os clientes não obtenham prontamente a confirmação e os bilhetes aéreos. As companhias aéreas, por exemplo, não comercializam passagens com mais de 11 meses de antecipação”, detalhou Ahmed El Khatib, coordenador do Instituto de Finanças da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP).
Situação da CVC é diferente
A situação da CVC se destaca das demais empresas de milhas devido à sua longa trajetória no mercado, com mais de 50 anos de atuação. Enfrentando uma dívida de R$750 milhões, a renomada agência de viagens tem vivenciado dificuldades financeiras há um período considerável, sendo que a pandemia de Covid-19 exacerbou ainda mais o seu prejuízo.
Portando um fardo de significativas obrigações financeiras acumuladas, a agência encerrou o ano de 2022 com um resultado líquido negativo de R$309,5 milhões. Em maio, a empresa, cujas ações são negociadas na bolsa de valores, testemunhou a renúncia do seu CEO, Leonel Andrade.
“Recentemente, a empresa empreendeu um plano de reestruturação de suas dívidas e chegou a um acordo com seus credores para estender os prazos de pagamento, aliviando assim as preocupações sobre a sua saúde financeira e contribuindo para uma melhoria em seu valor de mercado. No entanto, os desafios financeiros ainda persistem”, concluiu.
Clientes não recebem pagamentos por milhas vendidas
Clientes estão enfrentando dificuldades relacionadas ao não recebimento de pagamentos por milhas vendidas à HotMilhas, a pioneira empresa no setor de turismo fundada pelos irmãos Soares Madureira, anteriormente à criação da 123milhas. Segundo o portal Reclame Aqui, no período de 1º de janeiro a 27 de agosto deste ano, registrou-se 2.038 queixas direcionadas à HotMilhas, ultrapassando o total de 1.878 reclamações do ano anterior.
Entre os problemas mais recorrentes, destacam-se a “não quitação de pagamento” e “dificuldades na utilização de pontos e milhas”. No domingo (27), a página da HotMilhas no Reclame Aqui registrou um pico notável de 37,6 mil acessos, marcando o maior volume de visitas de consumidores em busca de esclarecimentos desde janeiro de 2022. Paralelamente, a página da 123 milhas atingiu um ápice de 120 mil acessos no último dia 19, representando um recorde de procura desde janeiro de 2022.