Do mês de março em diante, os homossexuais que vivem na França terão a oportunidade de doar sangue sem serem obrigados a se submeter a nenhuma condição extra. O anúncio foi feito nesta terça-feira, 11, pelo governo francês, após finalmente decidir que a orientação sexual não deve mais ser vista como um critério nas doações.
A decisão foi tomada com base na abrangência da lei sobre bioética, além de visar o atendimento de uma “vontade política” apresentada pelo ministro da Saúde. Neste sentido, deve ser oficializada uma ordem para que o procedimento de doação de sangue se torne mais acessível para os homossexuais, seguindo os mesmos critérios aplicados em pessoas heterossexuais.
Desta forma, do dia 16 de março em diante, já não deve haver mais nenhuma referência à orientação sexual inserida nos questionários prévios a serem preenchidos pelos doadores de sangue. Segundo o diretor-geral de Saúde, Jérôme Salomon, “qualquer pessoa constituirá um indivíduo doador”, reforçou.
Na teoria, desde o mês de julho de 2016, pessoas do mesmo sexo que se relacionam sexualmente estão autorizadas a doar sangue. Até aquele momento, esta era uma iniciativa expressamente proibida desde 1983 em virtude dos riscos de transmissão do vírus HIV.
Ainda assim, esta possibilidade foi condicionada a um período de abstinência sexual. A princípio, foi preciso se abster de relações sexuais por um ano antes de doar sangue, mas de 2019 em diante, este prazo foi reduzido para quatro meses, devendo o doador fazer uma declaração durante uma entrevista prévia ao ato da doação de sangue.
Para o diretor-geral de Saúde, a vigilância extrema das autoridades sanitárias tornou possível a evolução das condições de acesso à doação de sangue. Por esta razão, ela não espera haver um risco residual de transmissão do HIV através da transfusão de sangue após a oficialização desta nova medida.
Na visão dele, o nível de risco vem caindo regularmente com o passar do tempo. A partir de agora, o questionário prévio à doação de sangue contará com um novo critério a ser respeitado, solicitando que o doador declare se mantém ou não o tratamento de profilaxia antes ou após a exposição ao HIV. Em casos positivos para esta alternativa, a doação de sangue deverá ser adiada pelo período de quatro meses.
Mas esta não será a única questão disposta no questionário na tentativa de detectar eventuais condutas individuais que sejam vistas como um risco para a doação de sangue. Neste sentido, outro ângulo a ser abordado é a manutenção de relações sexuais com várias pessoas, o uso de drogas, etc.
No entanto, são perguntas de praxe às quais os doadores já devem estar acostumados. Antes da França tomar esta iniciativa, países como a Espanha, Itália, Israel e Brasil, já haviam modificado as condições de acesso à doação de sangue.