Um helicóptero sobrevoou um colégio particular de Cuiabá, no Mato Grosso, que na terça-feira (31) suspendeu uma professora que havia criticado o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e seus apoiadores em sala de aula.
Em nota, o Ministério Público Estadual (MPE) afirmou que vai abrir um inquérito para investigar o sobrevoo feito pela aeronave do Centro Integrado de Operações Aéreas (Ciopaer).
Durante o ato, os policiais que estavam no helicóptero estenderam uma bandeira do Brasil enquanto passava em cima do colégio. Vídeos que circulam pelas redes sociais mostram que os alunos da unidade escolar se reuniram e, no pátio da escola, aplaudiram o sobrevoo da aeronave.
De acordo com o MPE, o órgão vai investigar a motivação do ato e também se a apresentação da aeronave nesta quinta (02) tem relação com a suspensão de dois dias da professora pelas críticas a Bolsonaro.
Em um comunicado, a Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp-MT) e também o Colégio Notre Dame de Lourdes afirmaram que a ação não teve cunho político e foi feita por conta das atividades da Semana da Pátria realizada pela unidade. Ainda conforme a Sesp-MT, a apresentação, que foi pedida pela instituição de ensino, teve o “intuito de demonstrar o patriotismo”.
Suspensão da professora
A educadora, que não teve seu nome revelado, foi suspensa após ter feito comentários durante uma aula. Na gravação, a professora, que dá aula ao terceiro ano do ensino fundamental, disse que Bolsonaro tem apoiado crimes ambientais e não tem colaborado para a evolução do Brasil.
“Ele é a favor do desmatamento. Ele é a favor que os garimpeiros façam a destruição dentro das terras indígenas. Além da destruição da natureza, está prejudicando o povo indígena. Os garimpeiros e o presidente da república são a favor disso. Temos que começar a pensar o que queremos para o nosso Brasil”, declarou.
Em outro momento, ela também criticou a fixação de Bolsonaro pela volta do voto impresso. “Votamos com a urna eletrônica, então não tem como você ‘roubar’. Tem como ‘roubar’ se for no papelzinho, e ele quer que volte a votação pelo papelzinho, que é para facilitar para ele fazer o que quiser”, disse.
Por fim, a professora ainda criticou os apoiadores do chefe do Executivo, afirmando que essas pessoas são corruptas, e que foram atraídas por Bolsonaro devido aos discursos feitos desde as eleições.
As falas da educadora foram gravadas e compartilhadas em grupos de mensagens. A opinião dela acabou causando a revolta nos pais de alguns estudantes e a unidade acabou a suspendendo com o argumento de que os comentários foram de caráter político-partidário, o que infringe o artigo do código de ética assinado pelos funcionários da instituição.
Leia também: Presidente do STF diz que liberdade de expressão não abrange “violências e ameaças”