A relação entre o ex-candidato à presidência Fernando Haddad (PT) e o jornal Folha de S.Paulo terminou na noite desta sexta-feira (08), após um pouco mais de dois anos. O anúncio foi feito por ele em sua própria coluna. Na publicação, Haddad disse que o jornal resolveu o atacar de maneira rebaixada.
Leia também: Trump avalia dar perdão presidencial a si mesmo
O fim da relação começou na semana passada, após uma jornalista sugerir, em artigo publicado no jornal Estadão, que o Supremo Tribunal Federal (STF) mantivesse a condenação de Lula e desconsiderasse as provas de parcialidade de Moro.
“E por quê? [manter a condenação de Lula] Para evitar que ele seja candidato em 2022, o que, supostamente, favoreceria a candidatura de Bolsonaro. Reagi, nas redes sociais, afirmando que, diante de tanta infâmia e covardia, restava ao PT reafirmar os argumentos da defesa de Lula e relançá-lo à Presidência”, escreveu o ex-prefeito de São Paulo.
Nessa esteira, segundo ele, um editorial publicado na última segunda-feira (04) resolveu o atacar. “Este jornal resolveu me atacar de maneira rebaixada. Incapaz de perceber na minha atitude a defesa do Estado de Direito, interpretou-a como tentativa oportunista de eu próprio obter nova chance de disputar a eleição presidencial. Ou seja, que seria um gesto motivado por interesse pessoal mesquinho”, disse Haddad.
De acordo com ele, a Folha simplesmente desconsiderou que, nos últimos dois anos, em todas as oportunidades, inclusive em entrevista recente ao jornal, ele defendeu sempre a mesma posição, qual seja, a precedência da candidatura de Lula.
“Ao me desqualificar mais uma vez, inclusive com expediente discursivo desrespeitoso, ao estilo bolsonarista, esta Folha demonstra pouca compreensão com gestos de aproximação e sacrifica as bases de urbanidade que o pluralismo exige. Infelizmente, constato que, nos momentos decisivos, a Folha, em lugar de discutir ideias, prefere agredir pessoas de forma estúpida”, disparou.
Por fim, Haddad ponderou que o jornal tem méritos que ele não desconsidera. Mas, mesmo assim, ele não vê mais a possibilidade de manter sua permanente com o veículo. “Por fim, a julgar pelo histórico dos políticos que a Folha veladamente tem apoiado, penso que ela deveria redobrar os cuidados antes de pretender deslegitimar alguém”, disse.