O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, falou em entrevista à CNN, ontem (10), que discorda da teoria de Lara Resende. Vale lembrar que Resende é um dos maiores economistas do país, sendo um dos criadores do Plano Real, que estipulou o uso da atual moeda brasileira. Atualmente, Lara Resende defende a Teoria Monetária Moderna, que ainda gera polêmica entre economistas.
A fala de Haddad foi vista com bons olhos, segundo especialistas. Isso porque existem temores de que a Teoria Monetária Moderna gere uma alta inflação no país, além de afetar a continuidade de benefícios sociais para quem mais precisa.
Haddad criticou governos
A Teoria Monetária Moderna vem ganhando força nos últimos anos entre economistas Ela prega, dentre outras coisas, que os países que emitem suas próprias moedas tem menor risco de dar calote. Dessa forma, segundo a teoria, não existiria problemas fiscais, que atualmente é o principal desafio de Haddad no Ministério da Fazenda.
Ao ser questionado, Haddad disse não concordar com a teoria de Lara Resende. Além disso, utilizou a economia da Argentina e da Turquia como exemplos de gestão ruim do patrimônio público em países que emitem suas próprias moedas.
“Para mim, um descontrole inflacionário, uma hiperinflação, uma inflação como está acontecendo na Turquia e na Argentina, são países que estão perdendo controle sobre suas moedas. E tentando recuperar a duríssimas penas. Para mim, isso é uma forma de default. Não é um calote clássico, mas uma inflação a 100%, é uma forma de usar o imposto inflacionário a favor do devedor, que é o próprio emissor da moeda”, disse Haddad.
Além disso, sobre o risco fiscal, Haddad mencionou a dívida brasileira. Segundo o ministro, o risco de calote do país é baixo, já que as dívidas são, em sua maioria, em reais. “Nossa dívida, por exemplo, é em real. Nós somos a autoridade monetária que emite real. Não temos economia e dívida dolarizadas”, afirmou.
A importância da fala do ministro
As falas de Haddad sobre as colocações de Lara Resende são bem vistas pelo mercado, segundo especialistas. Isso porque isso dá mais confiança aos investidores de que o governo buscará resolver o déficit nas contas públicas. Atualmente, o déficit previsto para as contas públicas é de R$ 237 bilhões, sem levar em conta as medidas já adotadas pelo atual governo.
Recentemente, Haddad anunciou um pacote para salvar as contas do governo. Dentre as medidas, a volta dos impostos da gasolina serviria para arrecadar mais e pagar as despesas da União. Além disso, o governo determinou uma alíquota de exportação do petróleo. Apesar disso, especialistas dizem que o déficit ainda deve acontecer nas contas públicas nesse ano, mas que a magnitude pode ser menor que a atual precificada pelo mercado.