A guerra entre Rússia e Ucrânia chegou hoje (27) ao seu 31º dia. Os conflitos no leste europeu não parecem estar perto do fim, apesar das sanções impostas por diversos países à Rússia. Aliás, nem mesmo a retomada de territórios pela Ucrânia é sinal de encurtamento da guerra.
Em meio ao caos humanitário e econômico, o Brasil poderá se beneficiar com a guerra. Pelo menos é o que acreditam alguns economistas, que se baseiam nos altos preços internacionais das commodities. Este fator é fundamental, visto que o Brasil é um dos maiores exportadores globais de commodities.
Na verdade, os efeitos da guerra na Ucrânia já começaram a ser sentidos pelo agronegócio brasileiro. Em resumo, a balança comercial do agronegócio do país teve um superávit comercial de US$ 9,3 bilhões em fevereiro. No mês, as exportações totalizaram US$ 10,5 bilhões, enquanto as importações chegaram a US$ 1,2 bilhão.
Entenda o que vem impulsionando os preços das commodities
A saber, os conflitos no leste europeu estão elevando os preços de importantes commodities globais. Vale destacar que o milho e o trigo são os dois grãos mais produzidos e comercializados do planeta, seguidos por soja e arroz. E os preços internacionais destas commodities estão cada vez mais elevados.
Isso está acontecendo porque a Rússia é o maior exportador global de trigo, respondendo por quase 17% de todo o comércio mundial. Já a Ucrânia aparece na quarta posição neste ranking. Juntos, os países respondem por 30% das exportações globais de trigo
Já em relação ao milho, a Ucrânia é a terceira maior exportadora mundial, enquanto a Rússia é a sexta.
Em suma, os desafios impostos pela guerra estão encarecendo o trigo e o milho porque a oferta está prejudicada, mas a demanda segue firme. Nestas situações, com a demanda mais forte que a oferta, os preços dos produtos tendem a subir. E quanto maiores as exportações, mais forte fica a economia local.
Desafios para a população
Embora o cenário beneficie as exportações destes itens, a população brasileira seguirá sofrendo com os altos preços dos produtos. Na verdade, os produtores e empresários de commodities preferem vender para o exterior do que para o mercado interno. Isso ocorre, porque a cotação dos itens é em dólar, e a moeda norte-americana custa quase cinco vezes mais que o real.
Isso obriga o Brasil a importar estes produtos, que também vêm mais caros. E isso se reflete nos preços aos consumidores, que pagam mais caro.
Além disso, a guerra na Ucrânia está impulsionando a inflação global. Ao seguir a mesma lógica das commodities mais caras, diversos itens também estão com preços mais elevados devido à restrição da oferta. Em outras palavras, a inflação global continuará crescendo, afetando a economia dos países.
No caso do Brasil, os altos preços das commodities podem impulsionar a economia no curto prazo. Contudo, os economistas não acreditam que isso se manterá por muito tempo. Resta saber se a guerra na Ucrânia chegará logo ao seu fim ou durará por meses. A depender do cenário, a economia de todo o planeta sofrerá consequências negativas. E os altos preços das commodities não salvará o país.
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