No entendimento de alguns ministros, o presidente da República, Jair Bolsonaro, precisa romper laços com a atual equipe econômica caso deseje se reeleger no ano que vem. A justificativa apresentada se relaciona aos impactos da crise econômica causada pela pandemia da Covid-19.
Diante do atual cenário, é essencial promover uma flexibilização no teto de gastos, regra que impõe um limite nas despesas do Governo Federal. O objetivo é elevar os investimentos e estimular medidas com um forte apelo social, todas propostas às quais o ministro da Economia, Paulo Guedes, é veemente contrário.
Está claro que a atuação de Paulo Guedes não tem agradado os demais colegas políticos nem mesmo a população em geral. Por esta razão, há quem já tenha iniciado uma espécie de campanha para que Bolsonaro escolha o atual presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, como o futuro ministro da Economia.
Há algumas semanas, Bolsonaro descartou qualquer intenção de demitir Paulo Guedes. “Não existe nenhuma vontade minha de demiti-lo. Vamos supor que eu mande embora o Paulo Guedes hoje. Vou colocar quem lá? Teria de colocar alguém da linha contrária à dele, porque senão seria trocar seis por meia dúzia. Ele iria começar a gastar, e a inflação já está na casa dos 9%, o dólar em 5,30 reais”, alegou Bolsonaro.
O presidente da República completou evidenciando a necessidade de ter responsabilidade no setor econômico, tendo plena consciência sobre o que se pode gastar ou não. Ele acredita que se o Brasil estivesse enfrentando um cenário normal sem a pandemia, a economia já teria alavancado. Bolsonaro reconhece que a inflação afetou toda a população brasileira, porém a melhor maneira de resolver a situação é buscar voltar ao normal e reduzir a inflação através do mercado livre.
Um dos políticos que se posiciona a favor da demissão de Paulo Guedes é Guilherme Boulos. No entendimento do ex-candidato à presidência, o ministro não está em condições de se manter no cargo, especialmente após a revelação de que mantém uma offshore nas Ilhas Virgens Britânicas.
Boulos acredita que Guedes lucrou com os resultados da política econômica que, para ele, resultou na volta da fome e da valorização do dólar. Por esta razão é escandaloso que Guedes já esteja atuando dos dois lados da moeda, se tornando suspeito de movimentar atividades empresariais fora do exercício do cargo político.
“Não contente em destruir a economia, devolver o país ao mapa da fome, ele conseguiu lucrar com isso. Em qualquer governo sério, Paulo Guedes estaria demitido depois de um escândalo como esse”, afirmou.