Faltando pouco menos de dois meses para o fim do mandato, o ministro da Economia do governo Bolsonaro, Paulo Guedes, colocou em dúvida o número de brasileiros sem ter o que comer no país, defendeu as políticas econômicas adotadas ao longo dos últimos anos e atacou o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Guedes voltou a retrucar os números do mapa da fome no Brasil, que Lula citou durante toda a campanha: “40 milhões de pessoas passando fome? Onde estavam essas pessoas que não descobriram no governo deles? Possivelmente, estavam passando fome. Descobrimos os invisíveis e atendemos”, afirmou o ministro.
A declaração do Ministro da Economia foi dada nesta sexta-feira, dia 18 de novembro, durante um evento em comemoração aos 30 anos da Secretaria de Política Econômica (SPE).
Apesar da fala de Guedes, dados recentes mostram que o Brasil soma atualmente cerca de 33,1 milhões de pessoas sem ter o que comer diariamente, quase o dobro do contingente em situação de fome estimado em 2020.
Guedes também ataca Lula
Além das críticas sobre os números da população com fome, o atual Ministro, Paulo Guedes, diferiu duras críticas ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva: “Já ganhou, cala a boca, vai trabalhar, vai construir um negócio melhor, porque o desafio é grande”, disse o Ministro.
O Ministro disse que caso o governo trabalhe um pouco mais com a cabeça no lugar e menos com mentira, talvez seja um bom mandato para os brasileiros. Durante a campanha eleitoral e em discursos recentes, o presidente eleito tem reforçado que a prioridade de sua gestão será o combate à fome.
Enquanto Paulo Guedes fez duras críticas ao governo que ainda não começou, o presidente eleito e seus convidados estão presentes na COP-27. Em um pronunciamento na última quarta-feira, Lula propôs uma aliança global para combater a fome em todo o mundo.
“Este é um desafio que se impõe a nós brasileiros e aos demais países produtores de alimentos. Por isso, estamos propondo uma aliança mundial pela segurança alimentar, pelo fim da fome e pela redução das desigualdades, com total responsabilidade climática”, disse Lula no discurso.
Defesa de sua gestão
Paulo Guedes aproveitou o evento para destacar sua atuação à frente do Ministério da Economia no governo de Jair Bolsonaro (PL). “Colocamos o país no caminho da prosperidade […] comparado ao período anterior, onde não houve Covid e guerra, o desempenho da economia foi bem melhor conosco do que antes”, disse Guedes.
Segundo dados de projeção da economia, o próximo ministro da Economia terá de lidar com o aumento da pobreza e da taxa de inadimplência. Em 13,75% ao ano, os juros básicos da economia estão no maior patamar em seis anos – mas economistas esperam uma pequena redução em 2023 (para 11% ao ano).
Depois de crescer 4,6% em 2021, a economia brasileira, em linha com o que acontece no resto do mundo, está desacelerando neste ano. A previsão de analistas é de que o ritmo mais lento se repita em 2023.