O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta quinta-feira (11) que o governo pode zerar tarifa de importação de produtos de “um ou dois setores”. De acordo com ele, estaria havendo reajustes “abusivos” em relação aos preços destes produtos. E o principal objetivo da medida é conter a inflação no Brasil, que sobe cada vez mais.
Aliás, o governo anunciou no último dia 5 uma redução de 10% das tarifas de importação de aproximadamente 87% dos itens sujeitos ao imposto de importação. Nesse caso, excluem-se os itens já abrangidos pelo Mercosul. A saber, a medida terá validade até 31 de dezembro de 2022.
“Conseguimos baixar 10%, foi uma luta difícil. Podemos aprofundar, pegar alguns itens particularmente que tá havendo abuso de reajuste de preço e baixar. Estou tentando sempre fazer tecnicamente o mais correto, uniforme pra todos, mas, de repente, pega 1 ou 2 setores que estão abusivos e você pode zerar a tarifa”, disse em evento promovido nesta quinta por um banco, em São Paulo.
A decisão agradaria boa parte da população que adquire produtos importados, ou que, pelo menos, tenha alguma relação com estes itens. No entanto, Guedes afirmou que essa decisão de zerar as tarifas de importação pode gerar um “problema político”.
“Mas tem sempre problema político, vai perder 50 votos na reforma tal. Congressistas representam interesses e você tem que conviver com isso, mas é parte da solução para acelerar o ritmo de abertura [comercial]”, explicou o ministro.
Inflação no país atinge os dois dígitos em 12 meses
Nesta quarta-feira (10), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou que a inflação do país continua nos dois dígitos no intervalo de 12 meses. Em resumo, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 1,25% em outubro, maior variação para o mês desde 2002 (1,31%). Com isso, o indicador passou a acumular uma variação de 10,67% em 12 meses.
Segundo Guedes, a inflação receberá ainda mais pressão devido à interrupção das cadeias produtivas no mundo. Isso tornará os insumos vindos da China até 30% mais caros do que o normal, disse Guedes.
“A interrupção das cadeias produtivas atinge todos. Daqui a pouco começa a chegar insumos com 10%, 20%, 30% de aumento, porque eles [China] estão com problemas lá”, afirmou o ministro.
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