Mais uma vez, a disputa entre Ucrânia e Rússia resultou em consequências inesperadas para Vladimir Putin. O breve discurso do líder russo denunciando Yevgeny Prigozhin, do grupo Wagner, e seu significativo motim de 24 horas, cancelado na noite de sábado, mostrou que o presidente russo sabe o quão perigosa a situação pode ser para ele.
Vale destacar que o grupo Wagner, em 24 horas, chegou a 200 km de Moscou, onde segundo eles, o feito foi realizado sem derramar uma única gota de sangue de seus combatentes. Com isso, muitos levantam questões sobre o real controle de Vladimir Putin no poder.
Enfraquecimento da liderança de Putin
Embora Prigozhin e suas forças não se encontrem em posição de desafiar o poder de Putin diretamente, indiretamente eles demonstraram a fraqueza desse aperto. Uma força armada percorria o sul da Rússia exigindo o reconhecimento das autoridades estatais. Isso está muito longe da unidade de poder que Putin trabalhou tanto tempo para impor.
Além disso, Wagner mantinha um vínculo estreito com os grupos de inteligência militar da Rússia, os quais tinham instalações e bases compartilhadas. Era complicado determinar para qual lado as demais unidades de Wagner iriam atacar, bem como impedir que eles se movessem para a capital da Rússia, Moscou.
Assim, se unidades ou grupos de qualquer uma das organizações militares, paramilitares ou de inteligência da Rússia mudassem sua lealdade ao lado de Prigozhin, ou simplesmente se recusando a obstruí-lo, poderiam ter mudado o equilíbrio de poder rapidamente.
Ucrânia busca se aproveitar do conflito interno
Não é de hoje que a Ucrânia está à espera de uma oportunidade para mudar os rumos da guerra. Desse modo, com o caos do interior ocorrendo na Rússia, Zelensky visa tirar vantagem com o ocorrido. Embora o motim de Prigozhin esteja parado, ele certamente trará confusão e incerteza entre os soldados e comandantes do exército russo em um escopo maior, e o departamento de informações da Ucrânia é hábil em explorá-lo e aumentá-lo.
Sabendo disso, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky afirmou:
É hora de todos no mundo dizerem francamente que todas as ações criminosas da Rússia contra a Ucrânia foram e são sem provocação.
Com isso, Zelensky expressou esperança de obter decisões mais enérgicas contra seus inimigos na cúpula de Vilnius, capital da Lituânia, em julho, local e data da próxima reunião dos países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).
Por fim, aproveitando a situação, Zelensky alçou a Ucrânia à condição de da Europa, afirmando que a segurança do flanco oriental da Europa depende apenas da defesa ucraniana, reforçando o pedido para que países ocidentais forneçam caças F-16 e mísseis balísticos às forças armadas ucranianas.
Falas de Putin
O presidente russo, Vladimir Putin, prometeu continuar com a guerra na Ucrânia, falando em uma entrevista pré-gravada, transmitida pela televisão estatal neste domingo (25). Vale destacar que na entrevista, gravada em 21 de junho para à TV Rossiya-1, mas apenas transmitida depois que o Kremlin resolveu a primeira tentativa de golpe contra Moscou em três décadas, o presidente russo afirmou:
Estou focado principalmente na operação militar especial. Meu dia começa e termina com isso. Ultimamente, fico acordado até tarde, monitorando a situação. Claro, eu sempre tenho que estar me comunicando.
Em suma, Vladimir Putin afirmou que se sente confiante e que está em posição de implementar todos os planos e tarefas pela frente, entre eles à defesa do país, à operação militar especial, à economia em sua totalidade e às suas áreas individuais.