O governo federal recuperou, desde dezembro de 2020, 12,6% do que o Tribunal de Contas da União (TCU) apontou como auxílio emergencial entregue de maneira indevida. De acordo com o órgão, essa porcentagem representa R$ 6,9 bilhões de recursos distribuídos neste e no ano passado.
De acordo com um relatório do TCU, elaborado com base em dados de órgãos de controle do próprio governo, e publicado pelo jornal “O Globo”, o total de auxílio emergencial distribuído de forma irregular ultrapassa os R$ 54 bilhões.
Criado em 2020, o auxílio emergencial foi desenvolvido para ajudar trabalhadores informais, desempregados e beneficiários do Bolsa Família que perderam renda durante a pandemia da Covid-19.
Ao todo, foram 16 meses de um programa dividido em duas etapas. A primeira entre abril e dezembro de 2020 e a outra entre abril e outubro de 2021, com parcelas que variaram de R$ 150 a R$ 1.200.
De acordo com o Ministério da Cidadania, pessoas que receberam o benefício de forma indevida receberam mensagens de que teriam que ressarcir o valor. Neste ano, foram quatro disparos de mensagens, o último na terça-feira (21).
Com isso, foram 2,5 milhões de beneficiários recebendo 4 milhões de correspondências sobre a obrigação de devolver o benefício. Todavia, muitas pessoas ainda não receberam o recado, visto que, de acordo com o TCU, 7,3 milhões de pessoas receberam o benefício e não tinha o direito.
Em entrevista ao “O Globo”, o economista Gil Castelo Branco, da ONG Contas Abertas, o governo deve agir com mais rigor e investir em tecnologias para evitar novas fraudes.
“Enquanto no mundo debatem a inteligência artificial em diversos processos de automação, no Brasil ainda estamos tentando cruzar cadastros”, começou ele.
“A tecnologia da informação do governo é uma colcha de retalhos. Temos duas estatais (Serpro e Dataprev) e mais de mil empresas que desenvolvem sistemas que não se comunicam. Ao meu ver, o governo deveria atuar com mais rigor”, afirmou o economista.
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