Após a elevação para R$ 1.320 em maio, o governo submeteu um projeto de lei ao Congresso para instituir um processo de valorização anual do salário mínimo.
Esse projeto está atualmente sob análise na Câmara dos Deputados. Contudo, a data para a votação ainda não foi determinada.
Quanto ao método de cálculo do novo salário mínimo, o reajuste anual será determinado considerando a taxa de inflação do ano anterior conforme medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), além do Produto Interno Bruto (PIB) consolidado de dois anos anteriores.
Uma exceção a essa fórmula ocorrerá nos casos de PIB negativo, quando o reajuste será baseado unicamente na taxa de inflação.
Qual é a projeção do valor para o ano de 2024?
De acordo com estimativas da XP Investimentos, o salário mínimo pode alcançar R$ 1.441, levando em consideração um INPC de 6,1% e um crescimento do PIB de 2,9%.
Enquanto isso, o governo estima que o valor possa atingir R$ 1.429, considerando uma taxa de inflação de 5,3%. A proposta do governo para o Orçamento de 2024 estabelece o valor em R$ 1.389.
Em termos de vigência, caso aprovado, o novo cálculo para o salário mínimo entrará em vigor a partir de 1º de janeiro de 2024. No entanto, a aprovação do projeto ainda depende da deliberação do Congresso Nacional.
Um requerimento para a votação em regime de urgência está pendente de aprovação.
Haverá uma ressalva para situações de desempenho econômico adverso. Se o Produto Interno Bruto (PIB) consolidado dos dois anos anteriores apresentar um resultado negativo, essa exceção entrará em vigor.
Sob essa circunstância, o ajuste do salário mínimo será determinado exclusivamente pela taxa de inflação. Essa condição acarretaria uma modificação no método usual de negociação anual do reajuste entre o governo e o Congresso.
Impacto do aumento do salário mínimo
De acordo com projeções do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), o salário mínimo serve como a base de remuneração para cerca de 60,3 milhões de trabalhadores e beneficiários do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).
A política de valorização do salário mínimo acarreta um impacto fiscal e orçamentário estimado em R$ 18,1 bilhões para o ano de 2024, R$ 25,2 bilhões para 2025 e R$ 39,1 bilhões para 2026.
Histórico
Conforme estabelecido pela Constituição, a remuneração mínima destinada aos trabalhadores deve assegurar a manutenção do poder de compra das famílias. A consideração apenas do INPC no cálculo do novo valor do salário mínimo não compensa as perdas derivadas da inflação, especialmente para a população mais vulnerável.
Entre 2015 e 2019, o salário mínimo foi determinado legalmente com base na previsão do INPC do ano e na taxa de crescimento real do PIB, a soma de todos os bens e serviços produzidos no país, de dois anos anteriores. Essa abordagem visava garantir um incremento real na renda dos indivíduos remunerados com o salário mínimo.
De 2019 a 2022, a correção do piso salarial passou a ser efetuada exclusivamente pelo INPC, com o intuito de preservar o poder de compra do mínimo. Contudo, essa decisão não resultou em um aumento real na remuneração dos trabalhadores. Conforme estimativas do governo, cada acréscimo de R$ 1 no salário mínimo implica em um aumento de despesas públicas de R$ 351,1 milhões. O salário mínimo voltou a apresentar um aumento real em 2023.
O Dieese calcula mensalmente o valor do salário mínimo necessário, fundamentado no custo da cesta básica. No mês de junho de 2023, o montante necessário para sustentar uma família composta por quatro pessoas seria de R$ 6.578,41, correspondendo a 4,98 vezes o valor mínimo vigente, que é de R$ 1.320.
2023 – R$ 1.320,00 (8,91%)
2022 – R$ 1.212,00 (10,04%)
2021 – R$ 1.100,00 (5,2%)
2020 – R$ 1.045,00 (4,7%)
2019 – R$ 998,00 (4,6%)
2018 – R$ 954,00 (1,8%)
2017 – R$ 937,00 (6,48%)
2016 – R$ 880,00 (11,6%)