O governo mudou de ideia sobre a instalação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar os atos de 08 de janeiro, quando apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes – Supremo Tribunal Federal (STF), Congresso Nacional e Palácio do Planalto. Agora, a base do chefe do Executivo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) avalia que, caso seja criada, o foco será “ajudar” o colegiado em seu funcionamento.
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A revelação foi feita por José Guimarães (PT), que é o líder do governo na Câmara dos Deputados, após a divulgação de um vídeo que mostra a presença de Gonçalves Dias, agora ex-ministro do Chefe de Segurança Institucional (GSI), no Palácio do Planalto no dia dos atos golpistas. Segundo o parlamentar, partidos que apoiam Lula serão “os primeiros” a indicar integrantes da comissão, caso ela seja instalada.
“Se o Congresso quiser instalar a CPMI, estamos prontos para ajudar, inclusive para investigar”, disse. “Vamos colaborar, vamos para dentro e vamos querer que a CPMI apure tudo para que a verdade seja cada vez mais explicitada para o país”, disse ele, demonstrando uma mudança na opinião da base governista que, até então, mantinha um discurso contrário à abertura de uma CPMI.
Essa objeção estava sendo feita porque, de acordo com a base do governo, parlamentares da oposição – que encabeçam o pedido – queriam mudar a versão sobre os ataques. Não suficiente, esses aliados da atual administração estavam avaliando que. em Brasília, sabe-se como uma comissão começa, mas não como ela termina. Nesse sentido, a avaliação é que o colegiado poderia acabar sendo prejudicial ao governo.
Assim como vem publicando o Brasil123, o governo vem tentando impedir a instauração da comissão desde que a oposição passou a colher as assinaturas necessárias. Recentemente, o presidente do Senado e do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD), prometeu que lerá o requerimento de instalação da CPMI na próxima terça (25). Isso, caso houver apoio mínimo de 171 assinaturas na Câmara e 27 no Senado – segundo o canal “CNN Brasil”, até essa quarta, eram 194 assinaturas de deputados e 37 de senadores.
De acordo com José Guimaráes, o que fez o governo mudar de ideia foi mesmo o vídeo publicado nesta quarta mostrando Gonçalves Dias no Palácio do Planalto no dia dos atos. “O vídeo que foi divulgado hoje não encobre nada daquilo que já está na consciência democrática do Brasil, que são os atos patrocinados por eles. Em função disso, nós queremos uma apuração ampla, geral e irrestrita, doa a quem doer. Ninguém brinca com a democracia”, afirmou ele que, todavia, não se comprometeu sobre um apoio formal à abertura da CPM, ou seja, não afirmou que a base do governo vai, de fato, assinar o requerimento de abertura.
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