O governo Lula está ampliando sua influência sobre o Legislativo, no intuito de aprovar as medidas no Congresso. Para isso, está nomeando cargos em troca de retirada de assinaturas que pedem a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que quer investigar os atos de 8 de janeiro. O dia marca a invasão das sedes dos três poderes em Brasília.
Dessa forma, para evitar que seja criada a CPI dos atos de 8 de janeiro, o governo está distribuindo cargos em empresas estatais para aliados políticos. Dentre as empresas, há bancos e companhias ligadas ao Executivo.
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Distribuição de cargos
A distribuição de cargos para partidos diferentes da base aliada é algo comum na política brasileira. A receita, consolidada em Brasília, ganha mais um capítulo com Lula. Isso porque a equipe do presidente vem distribuindo cargos importantes para evitar a abertura da CPI dos atos de 8 de janeiro. O governo já se posicionou contra a abertura das investigações.
Dessa forma, o governo está distribuindo cargos em diversas estatais. Dentre elas, Banco do Nordeste (BNB), Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) e do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs). Apesar disso, os cargos distribuídos são de segundo escalão, como diretorias e assessorias.
Além das nomeações, o partido do presidente Lula vem pressionando partidos considerados neutros. O caso mais visível é o União, que manteve sua cadeira no governo com a manutenção de Juscelino Filho no ministério da Comunicação. Além disso, segundo Vera Rosa e Levy Teles, no Estadão, Lula deixou a distribuição desses cargos para março e abril para ter um cenário mais consolidado de como ficaria o seu apoio no Senado e na Câmara dos Deputados.
Lula é contra a abertura da CPI
O governo Lula já se posicionou contra a abertura da CPI. O próprio presidente disse que é contra a instalação das investigações. Segundo a base do governo, a polícia, o Ministério Público e os órgãos de justiça estão investigando. Dessa forma, uma CPI poderia atrapalhar as atuais investigações e demorar mais a resolver o caso.
Além disso, o governo alega que a abertura de uma CPI dos atos de 8 de janeiro atrasaria votações importantes para o Executivo. Entre elas, o novo arcabouço fiscal e a reforma tributária, que o governo Lula quer colocar em votação ainda no primeiro semestre do ano.
O ministro das Relações Institucionais disse que “CPIs que são mobilizadas por quem passou pano nos atos terroristas não são os melhores instrumentos para fazer apuração”. Além disso, ele afirmou que “nós estamos indo atrás de quem financiou a tentativa de golpe de Estado”.
No caso do União, partido de Juscelino Filho, 28 deputados foram a favor da abertura da CPI. O partido tem 59 cadeiras na Câmara. Com isso, o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT – CE) afirmou que está tentando retirar assinaturas. “Quem é governo não pode querer essa CPI”, afirmou.