Integrantes do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do Ministério da Defesa avaliam que a situação do tenente-coronel Mauro Cid é “insustentável”. Isso, por conta do avanço das investigações sobre o roteiro do golpe de estado. Nesse sentido, de acordo com a jornalista Andreia Sadi, do canal “Globo News”, o desejo é que ele seja expulso do Exército.
Militares, apesar de admitirem a possibilidade, ressaltam que isso poderá acontecer somente depois de uma eventual condenação e do cumprimento dos ritos administrativos da caserna. Assim como publicou o Brasil123, Mauro Cid foi preso em maio suspeito de participar de um esquema para criar comprovantes de vacina contra a Covid-19 falsos para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), para si próprio e para familiares de ambos.
Uma reportagem do jornal “Folha de S. Paulo” mostrou que agentes da Polícia Federal (PF) encontraram diálogos – inclusive com outros militares da ativa – e documentos sobre um golpe de Estado para manter Bolsonaro no poder mesmo com a derrota dele nas urnas para Lula.
Um desses documentos, por exemplo, previa o estabelecimento de um estádio de sítio “dentro das quatro linhas” – uma expressão muito usada por Bolsonaro para negar seus movimentos antidemocráticos. De acordo com Andreia Sadi, militares dizem que a corporação não deve “passar a mão” na cabeça de Cid, e todos os que tiveram envolvimento com os atos golpistas de 08 de janeiro devem responder a processos administrativos que podem levar a punições.
No entanto, eles salientam que não irão abandoná-lo como, para eles, fez Bolsonaro. Por conta disso, por enquanto, Mauro Cid deve ficar com sua carreira congelada, não podendo receber promoções ou ser indicado para algum cargo. Caso ele seja condenado a uma pena inferior a dois anos de prisão, sua carreira será mantida. No entanto, caso a condenação seja superior, esgotados todos os recursos, Mauro Cid deve ter de enfrentar o conselho de justificação do Superior Tribunal Militar (STM), que decidirá se ele permanecerá na ativa ou se será expulso.
Bolsonaro ‘não carrega ferido’
De acordo com Andreia Sadi, no entorno de Mauro Cid, existe a avaliação de que Bolsonaro abandonou o seu ex-braço-direito. Nesse sentido, um amigo do militar disse que “Bolsonaro não carrega ferido. Só se preocupa com os filhos”.
Por fim, a jornalista explica que o pai de Mauro Cid, o general Cid, tem sido aconselhado a falar publicamente sobre o caso. A ideia, relata a comunicadora, é que uma eventual explicação e defesa pública ajude ao Judiciário decidir por liberar o ex-braço-direito de Bolsonaro da prisão e enviá-lo para casa, ainda que com tornozeleira eletrônica.
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