As denúncias da compra da Covaxin foram a público quando Luis Ricardo Miranda, servidor do Ministério da Saúde, identificou irregularidades no contrato. Por conta disso, o servidor afirma que se recusou a assinar o contrato.
O documento previa pagamento adiantado de US$ 45 milhões e quantidade de doses menor do que a contratada, apenas 300 mil, em vez das 4 milhões. Ele diz ter avisado os problemas ao presidente Jair Bolsonaro no dia 20 de março.
Desde então, as suspeitas em torno da negociação da vacina indiana se tornaram o foco da CPI da Covid. Por conta disso, o Supremo Tribunal Federal (STF) quer abrir inquérito que investigará se Bolsonaro prevaricou diante de denúncias.
Até o momento, os aliados de Bolsonaro já contaram três histórias diferentes para explicar o escândalo das comprar fraudas. Confira:
Versão 1 da denúncia da Covaxin: 23 de junho
Tudo começou quando os irmãos Miranda levaram a denúncia para a grande mídia. Depois disso, não demorou muito para o Palácio do Planalto convocar uma entrevista coletiva com o ministro Onyx Lorenzoni(Secretaria-Geral da Presidência) e o ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde, Élcio Franco. Ambos tentaram negar as acusações, e disseram que todos os erros apontados por Miranda tinham sido corrigidos pouco tempo depois. Além disso, Onyx argumentou que Miranda apresentou à justiça um documento fraudado, porém, o próprio governo reconheceu a autenticidade do contrato.
Versão 2 da denúncia da Covaxin: 24 de junho
Uma nova explicação surgiu no dia seguinte. Nesse contexto, senadores governistas que integram a CPI da Covid disseram para a imprensa que Bolsonaro avisou Pazuello das suspeitas sobre a negociação da Covaxin. O então ministro teria feito uma apuração interna do caso e, segundo eles, nenhuma irregularidade foi encontrada. De qualquer forma, os parlamentares não divulgaram relatório ou documento do Ministério da Saúde que comprove essa investigação.
Versão 3 da denúncia da Covaxin: 29 de junho
Não havia se passado nem uma semana quando a nova versão apareceu. Segundo o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Lima (MDB-PE), Bolsonaro avisou Pazuello sobre a reunião com os Miranda em 22 de março, apenas dois dias depois do encontro. Depois disso, Pazuello teria avisado Élcio Franco e foi exonerado no dia seguinte, em 23 de março. Élcio, por sua vez, foi exonerado no dia 26 de março.
Possível quarta versão
Em depoimento dessa quinta-feira (1º), Luiz Dominguetti pode ter começado a tecer uma possível quarta versão para a compra fraudada de imunizantes. O empresário acusou Luis Miranda (DEM-DF) de tentar negociar aquisição de vacinas contra a Covid diretamente com a empresa Davati Medical Supply. Segundo diz Dominguetti, o deputado teria conversado diretamente com o CEO da Davati no Brasil, Cristiano Alberto Carvalho, o qual considerava Miranda “o mais insistente com a compra e o valor de vacinas”
Em contrapartida, o CEO Cristiano Alberto Carvalho já se manifestou a respeito do depoimento de Dominguetti. Carvalho explicou: “eu recebi de outra pessoa, não diretamente do Luiz, não se refere a vacinas”. Para ele, Dominguetti está apenas “querendo aparecer” na CPI.
Além disso, Luís Miranda afirmou não conhecer Dominguetti, e se defendeu das acusações: “é mentira, lógico que não. Eu nunca falei sobre vacinas. Não sei nem quem é (Dominguetti). Estou começando a achar que esse cara foi enviado por (Jair) Bolsonaro para fazer denúncias mentirosas”.