O presidente turco Recep Tayyip Erdogan acusou o movimento LGBT do país de “vandalismo” após a eclosão de protestos estudantis. Quatro pessoas foram presas no fim de semana por retratar o local mais sagrado do Islã com fotos da bandeira arco-íris durante uma manifestação em uma das universidades mais importantes da capital, Istambul .
Logo após o discurso de Erdogan na televisão na última segunda-feira (1), os manifestantes fizeram outro protesto na mesma instituição. Desta vez, dezenas de pessoas foram detidas e imagens de redes sociais mostram a polícia arrastando estudantes que protestavam pacificamente.
“Levaremos nossos jovens para o futuro, não como a juventude LGBT, mas como a juventude que existiu no passado glorioso de nossa nação”, disse Erdogan a membros do próprio partido político. “Vocês não são os jovens LGBT, não são os jovens que cometem atos de vandalismo. Pelo contrário, são vocês que consertam corações partidos”, completou o líder turco.
Turquia e o ódio ao movimento LGBT
Grupos de direitos humanos acusam Erdogan de levar o país a um curso cada vez mais socialmente conservador durante os 18 anos que está no poder. A Turquia é de maioria muçulmana, mas oficialmente é uma nação laica.
A homossexualidade se tornou legal ao longo da história da Turquia moderna. Porém, os gays frequentemente enfrentam assédio, e eventos LGBT, como a Parada do Orgulho, já foram barrados por Erdogan.
A Turquia foi atingida por uma onda de protestos estudantis no mês passado, depois que Erdogan indicou um aliado como reitor da Universidade de Bogazici. Durante uma manifestação na última sexta-feira (29), os manifestantes penduraram uma obra de arte em frente ao novo gabinete do reitor, retratando o local sagrado em Meca e imagens da bandeira do arco-íris do movimento LGBT.
A polícia turca acusou quatro pessoas de “incitar ao ódio na população”. Dois deles foram detidos sob custódia e os outros dois colocados em prisão domiciliar. O ministro do Interior turco, Suleyman Soylu, classificou os suspeitos de “quatro aberrações LGBT” em uma publicação no Twitter. A rede social, contudo, advertiu que o conteúdo do post viola as regras da plataforma por ter “conduta odiosa”.