A Polícia Federal e a Procuradoria-Geral da República (PGR), com apoio da Controladoria Geral da União (CGU) e da Receita Federal (RFB), realizaram uma operação nesta quinta-feira (9), intitulada “Operação Ptolomeu III”, a fim de apurar suspeitas de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo o governador do Acre, de Gladson Cameli (PP).
A ação conta com a autorização do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e está sendo cumprida nos estados do Acre, Piauí, Goiás, Paraná, Amazonas e Rondônia, além do Distrito Federal.
Sobre a operação
Segundo a CGU, os alvos da operação cometeram fraudes em contratos públicos no Acre, utilizando recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), juntamente com recursos da saúde e educação, envolvendo a execução de obras de infraestrutura e serviços de manutenção. Assim, o STJ decidiu pelo congelamento do patrimônio de R$ 120 milhões do governador do Acre e demais réus, incluindo o valor em contas bancárias, aviões, casas e apartamentos de luxo.
Segundo a PF, o cumprimento dos mandados de prisão nesta quinta envolveu mais de 300 policiais federais. Vale destacar que, a Operação Ptolomeu III está realizando a execução de 89 mandados de busca e apreensão, sendo 65 no Acre, 8 em Goiás, 7 no Distrito Federal e 5 no Amazonas. Além disso, PA, MT, PI e PR possuem um mandado de busca realizado.
Suposto esquema milionário do governador do Acre
Segundo matérias divulgadas pela CGU, a operação visa desmantelar uma “organização criminosa especializada em fraudar contratos públicos”. Há suspeita de desvio de recursos da saúde, educação e do BNDES, por parte do governador do Acre, para obras de infraestrutura e serviços de manutenção. Com isso, a CGU e a PF constataram superfaturamento e inexecução contratual em pelo menos quatro contratos com empresas do setor de construção civil. No entanto, desde 2019, essas empresas receberam mais de R$ 268,6 milhões em recursos públicos.
As evidências apontam para uma série de irregularidades, incluindo:
- Uso de sócios fantasmas para disfarçar vínculos da empresa com servidores públicos envolvidos nas contratações;
- Movimento de grandes quantias de dinheiro em espécie;
- Operações de “smurfing”, dividindo os valores da conta-corrente em uma série de transações menores, de modo a não atrair a atenção dos reguladores.
Sanções para Gladson Cameli
Eleito em 2018 como governador do Acre no 1º turno e, em 2022, reeleito, Gladson Cameli, aliado de Bolsonaro e apoiador na campanha do ex-presidente à reeleição no ano passado, recebeu sanções do STJ, entre elas:
- Não poderá fazer contato com outros alvos da investigação;
- Não poderá deixar o país;
- Terá de entregar o passaporte à Justiça em até 24 horas.
Apesar disso, o governo do Acre afirmou em nota que a operação desta quinta é uma “continuidade dos procedimentos policiais anteriores” e que o “governo do Estado, sempre atuando com transparência e retidão, mais uma vez se coloca à disposição das autoridades”. Em suma, apesar das suspeitas de corrupção e lavagem de dinheiro, o governador do Acre, Gladson Cameli, diz confiar que tudo será esclarecido e afirma estar à disposição das autoridades.