Os militares de Mianmar acusaram de corrupção a ex-líder do país Aung San Suu Kyi, que foi presa e retirada do poder no primeiro dia do golpe. A junta militar informou na última quinta-feira (11) que a política aceitou ilegalmente barras de ouro além de 600 mil dólares, ou seja, o equivalente a R$ 3,3 milhões. Ao mesmo tempo, as Nações Unidas afirmam que acompanham a situação dos direitos humanos em Mianmar.
Um porta-voz informou ainda que um ex-ministro, Phyo Min Thein admitiu ter entregue o dinheiro e o ouro a Suu Kyi em 2017 e 2018. Contudo, a mídia internacional destaca que não há evidências para apoiar a alegação do político, que também está preso.
Os militares derrubaram o governo no início de fevereiro, alegando fraude nas eleições legislativas de novembro, vencidas com ampla diferença pelo partido de Suu Kyi. A líder legítima de Mianmar, não foi vista desde quando foi presa, assim como centenas de parlamentares, ativistas e funcionários públicos.
A última acusação contra Suu Kyi se soma às quatro que os militares já anunciaram. Inicialmente, por importar ilegalmente walkie-talkies e não cumprir a restrição ao novo coronavírus. Já no início de março, as autoridades disseram que ela também é processada por violar uma lei de telecomunicações e por “incitar a desordem pública”.
Violência em Mianmar
Para analistas, a implicação de corrupção visa claramente desacreditar Suu Kyi ao acusá-la de um crime grave. Enquanto isso, a Organização das Nações Unidas (ONU) e os países ocidentais condenaram veementemente a violenta repressão militar aos manifestantes.
A ONU estima que pelo menos 54 pessoas foram mortas desde o golpe e que outras 1.700 foram presas ilegalmente. Mianmar “está sendo controlado por um regime assassino e ilegal”, que “agora provavelmente está envolvido em crimes contra a humanidade”, escreveu o Conselho de Direitos Humanos da ONU no Twitter.