O exército de Mianmar deu um golpe de Estado nesta segunda-feira (1) e prendeu os principais políticos do país. Os militares ainda declararam um ano de estado de emergência no país, corte de linhas telefônicas na capital Naypyitaw e na cidade de Yangon, e suspensão da transmissão da televisão estatal.
O chefe das forças armadas do país, o general Min Aung Hlaing, afirmou que ocorreram fraudes nas eleições realizadas em novembro. Ele acresceutou que a Justiça eleitoral do país não conseguiu constatar o erro. Por isso, o exército decidiu tomar o poder.
O golpe de Estado ocorreu no dia em que o parlamento de Mianmar deveria se reunir pela primeira vez desde as eleições. O ex-general Myint Swe, que era um dos dois vice-presidentes desde 2016, ocupará o cargo de presidente interino.
Golpe de Estado em Mianmar
Aung San Suu Kyi, de 75 anos, a líder do partido que tem a maioria no parlamento e a chefe de fato do governo, foi presa pelos militares nesta segunda-feira. A vencedora do Prêmio Nobel da Paz chegou ao poder após décadas de prisão domiciliar e luta contra os militares. Isso porque o Exército já havia tomado o poder do país em um golpe em 1962 e reprimiram toda dissidência por mais de 40 anos.
As Liga Nacional para a Democracia (LND), partido de Aung San Suu Kyi, venceu as eleições de novembro, o segundo pleito desde o fim do regime militar, em 2011. O partido já foi criticado internacionalmente porque negou a existência de genocídio da minoria muçulmana Rohingya.
O LND teve uma vitória esmagadora, ganhando 368 de 434 assentos. Enquanto isso, o principal partido da oposição, o Partido União de Solidariedade e Desenvolvimento (PUSD), apoiado pelos militares, ganhou apenas 24 assentos.
Desde o início, os militares contestaram a regularidade das eleições, alegando que houve fraude a favor do partido de Aung San Suu Kyi. Outros expoentes da LND foram presos com ela nesta segunda-feira. Um porta-voz do partido comentou sobre as prisões à Reuters, pediu a população de Mianmar a não “responder precipitadamente” ao golpe e “continuar a se comportar de acordo com a lei”.