Um relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) mostrou que o Brasil é o segundo país com o maior número de “nem-nem”, jovens de 18 a 24 anos que não estudam e nem trabalham.
Conforme a entidade, de um total de 37 países, o Brasil só perdeu para a África do Sul. Hoje, no Brasil, o número de jovens na faixa etária citada que não estudam e nem trabalham é de 37%.
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De acordo com o relatório Education at a Glance da OCDE publicado nesta segunda-feira (24), foi avaliada a educação em 34 dos 28 países-membros da OCDE, além do Brasil, da África do Sul e da Argentina. “Isso os deixa particularmente em risco de distanciamento de longo prazo do mercado de trabalho”, diz o relatório.
Em entrevista ao portal “UOL”, Carlos Alberto Santos, jovem de 18 anos que atualmente se encontra na estatística, diz que está se esforçando para mudar a situação.
Segundo o rapaz, que diz que está há dez meses sem trabalhar, ele terminou o ensino médio no ano passado e, recentemente, concluiu um curso técnico de administração. “Esse período é até preocupante porque ao completar meus 18 anos em março, ter saído do estágio, terminar os cursos, às vezes a gente naturalmente se sente meio inútil mesmo”, lamenta.
Ainda conforme o jovem, pelo tempo parado, ele sente que tem perdido a perspectiva, principalmente por conta de seu esforço e dedicação para se desenvolver. “Eu me inscrevi em várias vagas, eu já fui em muitas entrevistas em vários lugares, tanto em São Paulo quanto aqui próximo da minha cidade, e é realmente preocupante”, diz ele, que vive em São Paulo.
De acordo com a socióloga Camila Ikuta, técnica do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), também em entrevista ao portal citado, os motivos e a quantidade de jovens que estavam sem estudar e sem trabalhar variam conforme a renda familiar. Todavia, destaca ela, essa situação está mais presente entre os mais pobres. “A situação dos jovens que não estudam, não trabalham e nem procuram trabalho tem relação com a origem socioeconômica. É comum entre os jovens de famílias mais pobres”, diz ela.
Conforme a especialista, grande parte são jovens mulheres que tiveram que deixar de estudar e não trabalhavam para poder exercer tarefas domésticas, criar filhos, cuidar de idosos ou outros familiares, reforçando, de acordo com Camila Ikuta, “esse valioso trabalho, que não é reconhecido como deveria”. “Nas famílias mais ricas, nessa condição estão jovens de faixa etária mais baixa, geralmente no momento em que estão se preparando para a faculdade”, completa a socióloga.
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