Números do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram que, na eleição deste ano, os deputados federais gastaram 40% a mais em comparação com o montante utilizado no pleito de 2018. Conforme os dados, em média, os parlamentares investiram R$ 1,8 milhão para se eleger ante R$ 1,3 milhão há quatro anos.
Conforme os dados do TSE, em valores totais, as despesas declaradas pelos deputados federais variam de R$ 64 mil a R$ 3,4 milhões, sendo o último valor gasto pelo deputado eleito Arnaldo Jardim (Cidadania).
Além dele, que recebeu 113.462 votos válidos e foi o “campeão” quando o assunto é investimento para ser eleito, outros dois parlamentares se destacaram com um gasto acima da média: Fábio Garcia e Mendonça Filho, ambos do União Brasil, gastaram R$ 3,3 milhões e R$ 3,2 milhões, respectivamente.
Em entrevista ao portal “UOL”, Bruno Schaefer, que é professor de Ciência Política da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), explicou que, em sua visão, um dos motivos para o crescimento das despesas pode ser o aumento do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC), conhecido como fundo eleitoral.
Assim como publicou o Brasil123, o fundo eleitoral passou de R$ 1,7 bilhão em 2018 para R$ 4,9 bilhões neste ano. “O incremento das despesas de campanha pode ser entendido pelo aumento do fundo eleitoral entre as eleições. Isso aumenta o custo geral da campanha”, afirma ele.
Levando em conta números do TSE, é possível ver que a afirmação do especialista faz sentido, visto que, conforme o tribunal, 77,6% dos valores arrecadados pelos parlamentares eleitos vieram do fundo eleitoral e: 16,8% de outros recursos, como doações de pessoas físicas e dos próprios candidatos e 5,6% das legendas em que os deputados eleitos são filiados.
Valor para um deputado se reeleger é maior
Os números do TSE ainda mostram que candidatos que buscaram a reeleição gastaram bem mais. Em média, os parlamentares que queriam continuar no cargo desembolsaram R$ 2,1 milhões enquanto os novatos R$ 1,5 milhão.
Segundo Bruno Schaefer, essa diferença já era esperada, visto que os parlamentares que buscam a reeleição têm uma influência construída e isso pode lhes render maiores investimentos de seus partidos.
“Quem conquista o poder tem de mantê-lo e a manutenção custa mais caro. Os iniciantes têm barreiras a serem transpostas e os outros, não, pois possuem força política para trazer mais recursos dentro do partido ou indiretamente”, relata ele.
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