O presidente Jair Bolsonaro se posicionou contra o aumento dos combustíveis anunciado pela Petrobrás na manhã de hoje, 17. O Conselho Administrativo da empresa afirma que a cotação internacional do petróleo vem atrapalhando a retomada das economias, causando a inflação e, claro, o reajuste no preço da gasolina. Contudo, o que o dólar tem a ver com tudo isso?
Hoje vamos falar sobre a relação da gasolina nos postos com a moeda americana. Além disso, vamos explicar os motivos de especialistas ainda acreditarem que essa é a melhor forma de gerir a empresa. Vale lembrar que o presidente Jair Bolsonaro quer rever a chamada política de preços da empresa.
O que é a política de preços e a relação com o dólar
A política de preços da Petrobrás nem sempre foi ligada ao dólar. Na verdade, isso acontece desde 2016, quando o então presidente Michel Temer sancionou o projeto de mudança de preços. Anteriormente, os preços eram definidos conforme os custos da empresa, em reais. Contudo, a chamada paridade internacional de preços traz desvantagens para a empresa também.
Mas na prática, a empresa sofre muito com a cotação internacional do petróleo. Isso porque o produto é uma commodity. Dessa forma, o preço é padrão para o mundo todo. Para fazer a gasolina, a empresa importa insumos cotados em dólar e paga o preço internacional, negociado entre os países. Por isso, importar em dólar e vender em real, sem reajustes, geraria prejuízos para a empresa.
Por outro lado, importar em dólar faz com que a gasolina fique mais cara quando o câmbio está alto. Atualmente, a moeda americana acima dos R$5,00 pressiona os preços. Além disso, o preço do petróleo está bem acima dos US$100, o que também faz o preço da gasolina subir bastante nos postos.
Vale a pena manter essa paridade na gasolina?
Para entender os motivos dessa política, é preciso entender os motivos de ela ser assim. Isso porque o ideal não seria ter uma paridade internacional, dado que a empresa é nacional e tem a maior parte de suas operações no Brasil. Contudo, o fato de trabalhar com uma commodity faz com que essa seja a melhor forma de manter os preços da gasolina.
Isso porque se a Petrobrás decidir calcular os custos em reais, a empresa pode vir à falência ou, no melhor dos cenários, passar por dificuldades. Ao importar os insumos em dólar, a empresa precisa repassar esse custo a mais para o cidadão. Contudo, se calcular em dólar, o custo também pode ser repassado para os países que compram os produtos da empresa. Dessa forma, manter os preços em dólar permitem que a empresa possa operar com margens melhores no Brasil.
Além disso, se a empresa decidir ter a paridade com o real, muitos importadores privados ficarão com receio de negociar com a empresa. Isso porque precisarão pagar caro em um produto que terão que vender barato. O resultado pode ser até mesmo um desabastecimento de combustíveis, como o diesel e a gasolina.
Diante disso, especialistas dizem que a solução para os preços não está na paridade de preços nem nos impostos, dado o teto do ICMS. A solução seria aumentar as operações da empresa para diminuir os preços internos.