Primeiramente, quando o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, anunciou o fim da chamada política de paridade internacional (IPP), no mês de maio, muitas pessoas do chamado mercado financeiro criticou a decisão. Mas o fato é que a opinião do mercado parece não coincidir com a da maioria da população brasileira.
Pelo menos é o que mostram os novos dados da pesquisa Quaest divulgada oficialmente nesta quarta-feira (21). Segundo o levantamento, cerca de 61% dos brasileiros concordam com a ideia da Petrobras de acabar com o sistema PPI. Apenas 24% disseram na pesquisa que a decisão não seria correta. Para 15%, foi dada a resposta “não sei/não quero responder”.
É importante deixar claro que a aprovação da medida da Petrobras é maior entre os eleitores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo a pesquisa, 68% dos que votaram no PT disseram que foi uma boa medida da estatal. O percentual é menor para quem votou em Bolsonaro, embora não seja desprezível. Para 56% dos eleitores do ex-presidente, foi uma boa medida do atual governo federal.
Veja o que Lula promete
Antes de mais nada, vale lembrar que o PPI foi alvo de diversas críticas do presidente Lula nas eleições do ano passado. Na época, ele chegou a dizer que acabaria com o sistema para que o combustível pago pelos brasileiros caísse o mais rápido possível.
“Essa história de PPI é para agradar os acionistas, em detrimento dos 230 milhões de brasileiros”, disse o presidente em discurso em julho de 2022. “A gente pode reduzir o preço, sim, o presidente não teve coragem”, pontuou ele.
Após sua eleição, porém, Lula assumiu uma postura mais moderada. “A política de preços da Petrobras será discutida pelo governo quando o Presidente da República o convocar para discutir a política de preços. O presidente da República não chama o governo para discutir política de preços, mas não estamos mudando o que funciona hoje”, disse Lula em reunião no início de abril deste ano.
Depois de muita pressão de vários setores da esquerda, o governo federal decidiu acabar com o esquema do PPI. O anúncio foi feito pelo presidente da Petrobras em maio passado.
Entenda o que é PPI
Antes de tudo, o ideal é saber ao certo o que é o PPI e por que a grande maioria dos brasileiros concorda com o fim desse sistema. Em suma, a política de paridade internacional foi criada na gestão do ex-presidente Michel Temer (MDB). Assim, ela foi mantida durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Por meio desse sistema, o Brasil passou a definir os preços de seus combustíveis com base nas flutuações do preço do barril de petróleo internacionalmente. É daí que vem o nome paridade internacional. Na prática, o sistema fez com que os motoristas brasileiros pagassem mais caro.
Tudo isso porque nos últimos meses o preço do barril de petróleo internacional disparou por uma série de razões, como a guerra na Ucrânia e até a redução da produção dessa substância. Com o fim do PPI, o Brasil ainda se baseia em valores internacionais, mas define um impacto menor e menos imediato no consumidor doméstico.
Como ocorreu o fim do PPI em maio, a Petrobras já anunciou reduções nos preços do gás de cozinha e do etanol em uma ocasião. A gasolina, por outro lado, coleta duas gotas em um intervalo de menos de um mês. Assim, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), disse ainda que a Petrobras deve conceder uma redução ainda mais significativa no preço da gasolina no início de julho do ano que vem.