As repercussões às notícias de que o governo vai aumentar os impostos da gasolina estão gerando problemas para Lula. Isso porque o presidente teme uma aceleração da inflação, como preveem os analistas. Por outro lado, ele não quer desautorizar, publicamente, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que disse que o PIS e o Cofins voltariam a incidir no combustível.
Por conta disso, Lula tenta articular uma nova política para a gasolina, de forma a evitar a perda de arrecadação e manter a inflação sob controle. Segundo especialistas, a volta dos impostos podem causar danos enormes à economia, em especial aos mais pobres.
Aumento do imposto da gasolina
Decretado pelo presidente Jair Bolsonaro em 2022, o fim da incidência do PIS e do Cofins na gasolina serviu para colocar o preço do combustível de volta à normalidade. Contudo, o preço do litro, que custava R$ 5 com os impostos, agora está em R$ 5 sem os impostos. Para o consumidor, tudo segue igual, mas para o governo isso representa um problema.
Isso porque o Estado deixa de ter uma fonte de recursos para, posteriormente, financiar suas obras e seus programas. O resultado dessa política foi que o governo estima um déficit de R$ 237 bi nas contas desse ano. Para reverter o prejuízo, uma das medidas anunciadas foi a volta do PIS e do Cofins na gasolina a partir do dia 1° de março.
Contudo, especialistas afirmam que a volta dos impostos pode somar mais 0,7% à inflação do país, um número considerado bastante alto. Alguns outros estudos estimam que a inflação pode ser adicionada em 1%. Devido ao impacto da volta do imposto na gasolina, Lula estuda uma maneira de aumentar a arrecadação do governo sem mexer no preço do combustível.
Vale lembrar que a alta da gasolina afeta outros setores, como o de serviços e de indústrias. Na prática, isso quer dizer que os preços de outros produtos também aumentam junto com o do combustível.
O que pode acontecer?
Existem alguns cenários possíveis, segundo analistas, para a gasolina. Isso porque Lula estuda diversas propostas e, nos bastidores, a discussão segue gerando tensões entre os integrantes do governo.
A primeira possibilidade é a de que Lula aumente os impostos, conforme o previsto anteriormente. Contudo, essa medida vem perdendo força a cada dia. Isso acontece exatamente por conta dos impactos que isso geraria na economia.
Por outro lado, outra ideia é aumentar gradativamente o imposto sobre a gasolina, fazendo com que o governo ganhe tempo para outras medidas importantes, como a troca do modelo de precificação da gasolina. Contudo, Jean Prates, presidente da Petrobras, não falou publicamente se a empresa tem como absorver o impacto do aumento dos preços, usando dinheiro da empresa para pagar parte dos impostos, por exemplo.
A decisão final deve sair na próxima segunda-feira, 27, quando o ministro Fernando Haddad voltará ao Brasil. Lula deve escutar todas as opiniões e decidir uma saída posteriormente.