Na última terça-feira (16), a Petrobras anunciou um corte de 10% no preço da gasolina, diesel e GLP (gás de cozinha). Nesse sentido, segundo um estudo realizado pela consultoria MacroSector, a expectativa é que a gasolina tenha, a partir de junho, uma redução total de 7,1%, chegando ao preço médio por litro de R$4,80 no país.
Segundo os economistas Fábio Silveira, Bruno Guidotte e André Casalta, responsáveis pelo relatório, também existe uma projeção de queda de 6,5% para o diesel no mesmo mês, chegando ao preço médio de R$4,86 por litro. No entanto, o presidente da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), Sérgio Araújo, existem algumas ressalvas quanto às estimativas de mudança no valor do litro do combustível.
Segundo Araújo, existe variação de quando será a redução em cada posto, bem como a partir de quando ela estará válida para os consumidores. “O preço é livre e o mercado é muito competitivo. Não reduzir implica em risco de perda da venda”, apontou o presidente da Abicom. Nesse sentido, a associação acredita que o preço da gasolina ao consumidor caia, em média, R$0,29 por litro. Já o diesel deverá ter queda de R$0,39 por litro.
Corte no preço da gasolina, diesel e GLP deve reduzir a inflação em 0,6%
Segundo André Braz, coordenador dos Índices de Preços do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), a redução no preço dos combustíveis deverá ter um impacto de redução em 0,6% no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). A gasolina é o item que tem maior peso no orçamento das famílias e, somente ela, fará que o IPCA reduza em 0,4%, sendo 0,2% em maio e 0,2% em junho.
“Esse impacto não vai chegar integralmente na bomba, deve chegar um impacto em torno de -8% na bomba (para a gasolina). Isso daria um encolhimento de 0,40 ponto porcentual no IPCA em 30 dias, -0,20 ponto porcentual em maio e -0,20 ponto porcentual em junho”, apontou Braz. “Então, se nossa expectativa para a inflação em maio era de 0,50%, ela cai para 0,20%. Se a nossa expectativa de inflação para junho era em torno de 0,35% e 0,40%, já recua para em torno de 0,10%”, explicou o coordenador.
Contudo, no geral, a influência dos combustíveis sobre a inflação de 2023 não deverá ser tão relevante, dado que é esperado que a gasolina fique mais cara em junho, dado que o ICMS cobrado ficará mais caro em todos os estados, com exceção de Piauí, Alagoas e Amazonas, devido a uma decisão do Confaz. A alíquota do ICMS se tornará única, em R$1,22.
A mudança no cálculo do ICMS sobre os combustíveis é uma resposta aos governos estaduais, que tiveram redução com a arrecadação de imposto em 2022. Para efeito de comparação, o Rio Grande do Sul e suas prefeituras tiveram perda de R$5 bilhões com a tributação do ICMS sobre os combustíveis, energia e telecomunicação, segundo estimativa realizada pelo próprio governo do estado. A Secretaria Estadual da Fazenda do Rio Grande do Sul afirma que a mudança “recompõe parte das perdas dos Estados”.