Os fundos de investimentos encerraram 2021 com uma quantidade de aplicações bem superior a de resgates. Pelo menos é o que aponta o levantamento da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), divulgado nesta quinta-feira (6).
De acordo com a entidade, a captação líquida destes fundos totalizou R$ 369 bilhões no ano passado. Esse valor corresponde a uma disparada de 106,3% na comparação com 2020. Aliás, o montante também é o maior já registrado pela série da Anbima, que teve início em 2002.
Para se ter uma ideia, o maior valor captado pelos fundos de investimentos nos últimos dez anos foi de R$ 259,26 bilhões em 2017. Ou seja, o montante de 2021 supera em 42,3% o resultado de 2017.
Veja o que impulsionou o resultado de 2021
Em resumo, o principal fator que impulsionou o expressivo resultado no ano passado foram os fundos de renda fixa. A saber, essa classe de investimento encerrou o ano totalizando R$ 215,2 bilhões. E isso ocorreu devido às inúmeras elevações da taxa básica de juros do Brasil, a Selic, que encerrou 2021 a 9,25% ao ano.
Em 2020, o cenário se mostrava completamente diferente. Isso porque a Selic caiu para 2,00% devido à pandemia da Covid-19. Em suma, uma Selic mais baixa aquece a economia, enquanto taxas mais elevadas reduzem o poder de compra do consumidor e desaquecem a economia.
Como o país começou a enfrentar a crise sanitária em 2020, o governo trabalhou para manter a economia firme. Contudo, em 2021, a inflação nas alturas fez o Banco Central (BC) elevar a Selic para tentar conter as taxas inflacionárias. A propósito, os fundos de renda fixa tiveram perdas de R$ 38 bilhões em 2020 devido às baixíssimas taxas de juros.
“Com as altas da Selic, em decorrência do aumento da inflação em 2021 e as incertezas fiscais, notamos uma maior aversão a risco dos investidores e, consequentemente, uma retomada aos fundos de renda fixa. Do outro lado, observamos algumas perdas nas classes mais arrojadas, como multimercados e ações”, explicou o diretor da Anbima, Pedro Rudge.
Em síntese, os fundos multimercados deixarem de ser a classe preferida dos investidores por causa dos juros elevados. Esta classe de ações captou R$ 104,5 bilhões em 2020, mas o valor despencou para R$ 59,6 bilhões em 2021.
Por fim, a Anbima revelou que o patrimônio líquido da indústria de fundos no Brasil totalizou R$ 6,852 trilhões com o resultado do ano passado, crescimento de 12,7% na comparação com 2020.
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