As Forças Armadas receberão R$ 110 milhões do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para atuarem nas eleições deste ano. A destinação destes recursos acontece em meio aos ataques do presidente da República Jair Bolsonaro (PL) à Corte e às acusações infundadas de fraude, que contam com incentivo de militares.
A informação sobre a destinação do montante foi revelada, nesta segunda-feira (25), pelo jornal “O Globo”, que informou que este valor é o maior do que o destinado pelo TSE às Forças Armadas nas eleições de 2018. Na ocasião, o tribunal enviou cerca de R$ 54 milhões às Forças Armadas, R$ 71 milhões atualmente quando se corrige o montante usando o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de julho.
Das instituições que compõem as Forças Armadas, o Exército é a que mais receberá recursos: R$ 83 milhões. Deste total, revelou “O Globo”, R$ 38 milhões serão destinados para o apoio logístico e R$ 45 milhões para a Garantia da Votação e Apuração (GVA). Do restante, R$ 14 milhões serão destinados à Aeronáutica e R$ 11 milhões para a Marinha.
CPI da Covid-19: PGR pede arquivamento de apurações sobre Bolsonaro e ministros
Conflito entre a Defesa e o TSE
Nas últimas semanas, o TSE e o Ministério da Defesa estão em meio a um conflito relacionado as eleições. Isso porque a pasta apoia Bolsonaro e quer que todas as sugestões enviadas pelas Forças Armadas sejam implementadas com a alegação de que elas iriam garantir mais confiança às urnas eletrônicas.
Na semana passada o TSE informou que as três propostas consideradas “essenciais” pelos militares para o processo eleitoral foram “devidamente analisadas”. Dentre essas sugestões está o chamado “teste de integridade” nos locais de votação.
Esses testes, de acordo com especialistas, consistem em uma “votação paralela” em que os votos são computados em uma urna eletrônica e em células de papel. Na sugestão, as Forças Armadas explicaram que os votos em papel seriam somados e conferidos com o total de votos proferidos nas urnas eletrônicas.
Todavia, nem essa e nem as outras sugestões consideradas como “essenciais” pelo Ministério da Defesa e pelas Forças Armadas serão implementadas – pelo menos não nas eleições marcadas para acontecer no próximo mês de outubro.
Isso porque, de acordo com o presidente do TSE, Edson Fachin, essas modificações inviabilizariam a realização das eleições, pois não existe um tempo hábil para eles. Além disso, o tribunal e seu presidente sempre batem na tecla de que testes feitos por várias entidades, incluindo a Polícia Federal (PF) e as Forças Armadas, já comprovaram que as urnas, do jeito que estão hoje, são seguras e garantem um processo eleitoral justo e transparente.