O comandante do Exército, Paulo Sergio Nogueira, sinalizou a integrantes do governo que as Forças Armadas não apoiarão qualquer tentativa de ruptura institucional no país. O recado é uma resposta a Jair Bolsonaro, que nos últimos dias intensificou sua campanha pelo voto impresso e atacou ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Entretanto, a assessoria do Exército não se manifestou sobre a declaração.
Apoio do presidente Bolsonaro
Embora as Forças Armadas já declararam seu apoio ao voto impresso, os generais afirmaram que não vão embarcar em aventuras se o modelo atual for mantido e se Bolsonaro for derrotado nas eleições de 2022. Ainda na noite dessa segunda-feira (02), os oficiais do Clube Militar, o Clube Naval e o Clube de Aeronáutica lançaram um comunicado oficial a favor do voto impresso.
Reforçaram os argumentos falaciosos que o presidente defendeu em sua live. Dentre as declarações, os oficiais escreveram que “digitais da NASA, do Pentágono, de partidos políticos americanos e de grandes empresas privadas, mesmo protegidos por sistemas de segurança (CyberSecurity) up to date, já foram invadidos (…) Diante destas inquestionáveis evidências, seriam as urnas eletrônicas brasileiras realmente inexpugnáveis?”.
O texto ainda cita a PEC 135/2019, que transita no Congresso e defende as mudanças no sistema eleitoral brasileiro. A avaliação dentro do Legislativo é que a mudança tem poucas chances de ser aprovada no atual momento.
Além disso, os militares defenderam o voto impresso enquanto atacavam o TSE, alegando que o Tribunal “prega a dependência absoluta do software, ao afirmar que um aumento da interferência humana ocasionaria erros que abririam brechas para a judicialização do processo eleitoral. Obviamente, nenhum sistema está totalmente a salvo da maldade dos homens. Mas seria a aceitação passiva dos resultados da urna eletrônica mais aconselhável, a fim de evitar questionamentos válidos, no melhor estilo “Cale-se, eu sei o que é melhor para você? Eis a verdadeira ditadura”.
Possível ruptura com as Forças Armadas
Apesar dos flertes com o governo bolsonaristas, o exército também precisa decidir qual relação manterá com o ex-presidente Lula, em especial se este vencer as eleições em 2022. Como já noticiado pelo Brasil123, Lula recentemente admitiu seus planos de criar uma ligação política com as Forças Armadas, em uma tentativa de amenizar sua rejeição. Em documento oficial, o político revelou que seus planos deviam estar preparados apenas em 2022, porém, o aumento do tensionamento político no país e os sinais claros de que militares rejeitam o retorno do petista ao palácio do Planalto têm feito com que seu entorno defenda que seja lançado ainda neste ano. Sendo assim, até o momento não há informações sobre novos prazos.
O que se sabe é que Lula quer oficializar seu respeito às Forças Armadas e defender a soberania nacional. Para reforçar o argumento, o ex-presidente também relembrou os militares de que seu governo foi o período em que houve maior aporte orçamentário de todos os tempos.
O PT parece concordar com as ações de Lula, pois seria uma boa forma de garantir um retorno pacífico caso ele seja reeleito em 2022. Nelson Jobim e Celso Amorim, respectivamente ex-ministro da Justiça e do Supremo Tribunal Federal e ex-ministros da Defesa, também têm ajudado no debate sobre o modelo ideal dessa aproximação.