Acontece nesta terça-feira (10) a votação da PEC que trata do voto impresso. Nesta segunda-feira (09), o Exército marcou, para o mesmo dia, a exibição de veículos blindados e armamentos em um ato que terá a participação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o ministro da Defesa, Walter Braga Netto.
Na visão de deputados e senadores, o ato é uma provocação e também uma tentativa de intimidação, visto que Bolsonaro já chegou a afirmar que se não houver voto impresso pode não haver eleições em 2022 – tese já rechaçada pelos chefes dos demais poderes.
Em nota, a Marinha, todavia, tentou minimizar a polêmica e disse que o objetivo da exibição é convidar Bolsonaro a participar de um treinamento de militares das três forças no próximo dia 16 em Formosa, Goiás. No entanto, a justificativa não foi aceita por muitos parlamentares.
Um deles é o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), que por meio de sua assessoria, informou que ele e a deputada Tabata Amaral (sem partido-SP) entraram com uma ação na Justiça a fim de proibir a exibição militar.
“É um absurdo gastar recursos públicos em uma exibição vazia de poderio militar. As Forças Armadas, instituições de Estado, não precisam disso. Os brasileiros, sofrendo com as consequências da pandemia, também não precisam. O Brasil não é um brinquedo à disposição de lunáticos”, afirmou Alessandro Vieira em nota.
No Twitter, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) disse que “colocar tanques na rua” é demonstração de “covardia”. “Os tanques não são seus, pertencem à Nação. Quer tentar golpe sr. @jairbolsonaro? É o crime que falta para lhe colocarmos na cadeia”, publicou o parlamentar, que é o vice-presidente da CPI da Covid-19.
Arthur Lira diz que pode adiar votação da PEC
Em entrevista ao site “O Antagonista” nesta segunda (09), o presidente da Câmara dos deputados, Arthur Lira, disse que pode adiar a votação da PEC se houver pedido dos líderes partidários por conta da exibição militar. “Eu encaro isso como uma trágica coincidência. Não é que eu apoie essa demonstração. Bem verdade, eu procurei informações, essa operação Formosa acontece desde 88 aqui em Goiás”, disse Lira.
Em seguida, ele ressaltou que a exibição não é nada inventada agora, mas existe um detalhe que salta aos olhos, que é o fato de que o ato nunca teve o itinerário que será adotado na terça-feira (10).
“Não é uma coisa inventada, mas também nunca houve um desfile para a operação Formosa na Esplanada dos Ministérios que foi parar na frente do Palácio do Planalto”, disse ele, que afirma acreditar que, com relação à votação, não deve haver nenhum problema. “Se os deputados quiserem e a população achar que é conveniente, podemos, a gente pode adiar a votação”, declarou Lira ao site “Antagonista”.
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