O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê um crescimento de 0,3% para o Brasil em 2022. A previsão de agora é bem menor que a anterior, que ficava em 1,5%. Além disso, a entidade também revisou para baixo o crescimento mundial, que agora deverá ficar em 4,4%, ante 5,9% anteriores.
Além disso, o FMI também refez a previsão para o crescimento de 2023. Atualmente, o fundo acredita que o Brasil crescerá 1,6% em 2023, 0,4 ponto abaixo da última previsão, em outubro. Os dados são do Panorama Econômico Mundial (WEO), divulgado nessa terça-feira. O documento é um dos mais importantes da entidade.
Previsão do FMI é a mesma que o mercado interno
A previsão do FMI é bastante parecida com as previsões dos investidores e bancos brasileiros. Isso porque, ontem (24), o Boletim Focus, do Banco Central, informou uma previsão de crescimento de 0,29%. Vale lembrar que os dados vêm após diversas incertezas fiscais geradas pelos novos gastos do governo.
Ontem, o presidente Bolsonaro sancionou o orçamento de 2022 e o mercado não gostou. O alto gasto com setores tidos como eleitoreiros afasta alguns investidores. É o exemplo do Auxílio Brasil, anunciado e reformulado a partir da PEC dos Precatórios, que driblou o teto de gastos, segundo o próprio ministro Paulo Guedes. Por outro lado, o relatório do FMI aponta que a alta inflação da China, que gerará um crescimento menor no país, afeta principalmente os mercados emergentes. Apesar disso, o fundo não apontou as causas específicas detalhadas para a economia brasileira.
Contudo, o cenário mundial é praticamente o mesmo. A alta dos preços afetou todas as economias do mundo e, por isso, há uma tendência de alta dos juros em mercados desenvolvidos. Isso afeta toda a economia mundial. Hoje (25), o comitê de política monetária do FED, o FOMC, se reúne para definir se aumentará, ou não, a taxa de juros americana. O veredito sairá amanhã, 26.
Primeiro relatório depois da briga
O relatório lançado pelo FMI é o primeiro depois de que a entidade anunciou o fechamento de seu escritório em Brasília. Segundo fontes, o fato ocorreu depois que o ministro Paulo Guedes, da Economia, afirmou que as previsões do fundo são extremamente pessimistas para o país.
Apesar disso, o FMI teve previsões piores para toda a América Latina. Anteriormente, o fundo afirmava que o crescimento da região seria em torno de 3%. Agora, as previsões estão em 2,4% e 2,6% para 2022 e 2023, respectivamente. A entidade mantinha os escritórios em Brasília há 23 anos.
Por isso, para a economia brasileira, há uma breve menção no relatório. Nele, o FMI aponta que há uma batalha contra a inflação no Brasil. Dessa forma, a alta dos juros pode apertar a política monetária e, baixando o consumo, há uma tendência de baixar, também, o PIB. A alta do dólar e das commoditties também preocupam.
Além disso, o crescimento do Brasil é irrisório nos últimos dez anos. O atual patamar do PIB, com a queda de 4,1% em 2020, ficou o mesmo de 2009. Com isso, analistas afirmam que é preciso crescer o quanto antes para retomar a confiança dos investidores internacionais.