A época do fim de ano desperta emoções, lembranças e reflexões que podem mexer com a saúde mental. Principalmente depois de dois anos de pandemia da covid-19, que deixou as pessoas mais fragilizadas. Portanto, quem já passou por quadros de depressão precisa estar mais atento a um possível retorno dos sintomas.
De acordo com profissionais do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (IPq/FMUSP), mesmo que os cuidados com os transtornos mentais sejam indicados a todas as pessoas, aquelas com o diagnóstico de depressão podem estar mais vulneráveis nesse período. Por isso, elas demandam mais atenção.
O cuidado com a saúde mental perpassa diferentes abordagens no fim de ano, como:
- Psicoterapia;
- Medicamentos, quando necessário;
- Exercícios físicos regulares;
- Encontros com amigos e familiares;
- Atividades que contribuam para o bem-estar emocional.
Segundo o Instituto, por meio dessas atitudes, o paciente é capaz de desenvolver o autoconhecimento necessário para avaliar os próprios sentimentos e evitar que os sintomas se tornem dominantes ou prejudiquem a qualidade de vida.
Recaída
Por ser uma doença crônica, os pacientes diagnosticados com depressão têm períodos de melhora dos sintomas e, caso parem de tomar a medicação, podem ter uma recaída do quadro depressivo. Mas os sinais que devem chamar atenção variam de acordo com cada indivíduo: alguns podem ficar mais retraídos, e não querer mais sair de casa, e outros podem ter dificuldades de concentração ou uma tristeza sem origem definida. Os mais comuns são:
- Transformação no apetite: comer demais, muito além do habitual e ganhar peso, ou não comer o necessário para se manter bem, e perder peso;
- Mudança no sono: dormir demais, muito além do que está acostumado, ou dormir pouco e passar a noite em claro;
- Alteração no comportamento: deixar de fazer as atividades que antes eram importantes, como passeios e encontros com amigos.
As alterações na rotina não ocorrem de um dia para outro, mas levam semanas ou meses. Ainda assim, identificar esses sinais é o primeiro passo. É importante avisar as pessoas próximas, familiares, amigos, médico psiquiatra ou psicólogo e pedir ajuda. Afinal, em algumas situações, pode ser necessário ajustar a medicação, alterar o remédio ou mesmo aumentar a dose.
Amigo com depressão: o que eu posso ou não fazer?
Estar perto de alguém com depressão pode gerar sentimentos de impotência e frustração, e uma dificuldade em aceitar a própria limitação. Isso não significa que não há nada que possa ser feito.
No entanto, ser um ouvido atento, ter um olhar amoroso e se municiar de argumentos que façam sentido para a pessoa são algumas atitudes indicadas. A principal atitude na lista do que “não fazer” é: não subestimar os sentimentos do amigo ou familiar com depressão. Isso fará com que a pessoa se sinta mais incompreendida e se afaste. Por mais que seja difícil compreender os motivos para ela estar assim, é importante entender que os sentimentos são inevitáveis.
Fim de ano ou depressão?
Nem todo sentimento de tristeza ou melancolia é, necessariamente, um sinal de depressão. O período de fim de ano traz o balanço emocional dos últimos meses e pode carregar essas sensações. Sentir essa tristeza é permitido, porque isso dará tempo e ritmo de cura para a sua mente.
No entanto, se eles se tornarem dominantes, vale maior atenção. Para fazer o diagnóstico de depressão os especialistas se baseiam nos prejuízos causados pelo sofrimento, como a perda de possibilidades, oportunidades e satisfações; a duração em que ocorre e o impacto que exerce nas pessoas próximas. São também considerados sinais relevantes para a doença a perda de interesse em atividades que antes traziam prazer e aliviavam os sentimentos de tristeza, como encontros com amigos, passeios ao ar livre e distrações cotidianas.