Nesta quarta-feira (13), Leonardo Miranda de Arruda, de 26 anos, filho do tesoureiro do PT assassinado pelo bolsonarista Guaranho, em Foz do Iguaçu, realizou duras críticas ao uso político do crime por pessoas do entorno de Jair Bolsonaro (PL), que é candidato à reeleição ao cargo neste ano.
De acordo com ele, o vídeo da conversa com seus tios tem sido utilizado sem autorização para uma possível campanha. “Gravar, publicaram sem autorização da minha família, estão usando a imagem da nossa família para uma possível campanha. Não basta o que fizeram com meu pai e estão usando o nome da minha família”, declarou Arruda. Ainda, segundo Leonardo, o entorno de Bolsonaro não o convidou para a coletiva de imprensa em Brasília, afirmando que a família só quer paz e justiça.
“Não foi feito nenhum contato comigo nem com os demais familiares. Foi feito, sim, um contato com os meus tios, a esposa do meu tio. A princípio era pra ser algo mais sigiloso toda essa conversa e ganhou uma proporção muito rápida. […] Muitas pessoas ligadas ao presidente estão fazendo campanha através disso. Então, no fim das contas a gente só quer paz, que esse ódio todo acabe. A gente só quer justiça pelo meu pai”, afirmou Arruda em entrevista concedida à GloboNews.
Em um trecho do vídeo da conversa com os familiares de Marcelo Arruda com Bolsonaro, que foi intermediado pelo deputado federal bolsonarista Otoni de Paula (MDB-RJ), o Presidente da República declarou que “a ideia é ter uma coletiva com a imprensa para vocês falarem a verdade, não é esquerda ou direita. A imprensa está tentando desgastar o meu governo”.
Tentativa de culpar Marcelo Arruda pelo crime
De acordo com Leonardo Miranda de Arruda, existe uma tentativa da imprensa em culpar o pai dele como culpado pelo ocorrido. “Meu tio pediu retratação pública, pedindo para a imprensa que está colocando meu pai como causador de tudo, para dizer que ele foi vítima de um assassino extremista”, disse.
O filho de Marcelo Arruda não chegou a citar diretamente o Presidente da República, contudo, Bolsonaro realizou críticas a violência dos “petistas” que chutaram a cabeça de Guaranho, depois de ter trocado tiro e assassinado Marcelo. Logo após ter sido alvejado por Marcelo, o atirador foi chutado por convidados que estavam na festa do tesoureiro do PT.
Em declarações recentes, Bolsonaro disse que aguarda a conclusão da investigação “para a gente ver que teve problema lá fora, onde o cara que morreu, que estava na festa, jogou pedra no vidro daquele cara que estava com o carro do lado de fora. Depois ele voltou e começou o tiroteio lá e morreu o aniversariante”.
Além disso, o Presidente da República tem rebatido a fala de Pâmela, viúva de Arruda, de que Bolsonaro só aceitou falar com a “ala bolsonarista da família”. “O que a imprensa fala? ‘Não falou com a viúva’. Meu Deus do céu, o Otoni foi lá, conversou com dois irmãos. Se a viúva tivesse lá, falaria com ela também. ‘Ah, mas ignorou a viúva que deixou dois filhos’. O tempo todo. A gente lamenta, para mim não justifica o que aconteceu, a motivação, briga lá do nada, infelizmente uma morte e o outro está no hospital”, disse o presidente.