Fernando Haddad, ministro da Fazenda, afirmou nesta quarta-feira (28) que o Conselho Monetário Nacional (CMN) vai discutir na próxima reunião, que está marcada para esta quinta (30), sobre uma possível mudança no modelo da meta de inflação. Hoje, o modelo adotado é o de ano-calendário, isto é, o CMN define uma meta de inflação para cada ano.
Desde que assumiu o Ministério da Fazenda, Fernando Haddad tem defendido que a meta seja contínua e não limitada ao período de um ano como acontece atualmente. “Vamos discutir se é o caso ou não de tomar essa decisão sobre padronizar em relação ao resto do mundo o programa de metas de inflação do Brasil, que é sui generis, só no Brasil e mais outro país, acho que Turquia, que usa meta calendário”, disse ele.
A declaração de Fernando Haddad foi feita durante uma entrevista ao canal “Globo News”. Além dele, a reunião do conselho também terá outros integrantes como a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Essas decisões do CMN são tomadas por maioria simples de votos, ou seja, caso haja uma eventual mudança no modelo de meta precisa de dois dos três votos.
Na entrevista, Fernando Haddad relatou que o conselho também vai discutir a meta de inflação para 2026, pois o CMN precisa definir até junho a meta para a inflação de três anos-calendário à frente. Além disso, também cabe ao conselho definir o intervalo de tolerância para o cumprimento da meta. Hoje, as metas então estipuladas da seguinte forma:
- Meta de inflação para 2023: 3,25% – Intervalo de tolerância: entre 1,75% e 4,75%;
- Meta de inflação para 2024: 3% – Intervalo de tolerância: entre 1,5% e 4,50%;
- Meta de inflação para 2025: 3% – Intervalo de tolerância: entre 1,5% e 4,50%;
- Meta de inflação para 2026: a definir – Intervalo de tolerância: a definir.
Essas metas para 2023, 2024 e 2025 foram definidas pelo CMN em 2020, 2021 e 2022, respectivamente, durante o governo do então presidente Jair Bolsonaro (PL), ou seja, essa será a primeira vez que a atual composição do conselho, que conta com a participação de dois ministros do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), será a responsável por definir a meta de inflação para um determinado ano.
Desde que assumiu o Executivo, além das críticas ao nível da taxa básica de juros, que está em 13,75% desde agosto de 2022, Lula também já criticou o patamar da meta. Em abril, durante café com jornalistas, por exemplo, ele afirmou que “se a meta está errada, muda-se a meta”.
Leia também: ONU passará a cobrar de Lula respostas sobre os direitos humanos